Negros fugitivos buscavam santuário em cidade fronteiriça do sul dos EUA, onde ativistas locais lideravam comunidade livre em busca de liberdade.
Em abril de 1798, um pequeno grupo de pessoas conquistou a tão almejada liberdade quando finalmente pisaram em solo seguro depois de meses em alto mar. Eles haviam escapado de uma situação de opressão e agora podiam recomeçar suas vidas longe daqueles que tentavam restringir sua liberdade.
O destino desses fugitivos negros era encontrar asilo religioso em terras distantes, onde pudessem viver sem medo de serem capturados e tornarem-se, mais uma vez, pessoas escravizadas. Mas o que os aguardava era a esperança de uma vida melhor, onde a liberdade era um direito incontestável e a oportunidade de serem verdadeiramente livres estava ao alcance das mãos.
Fugindo em busca de liberdade e asilo religioso
Os viajantes que escaparam da escravidão em uma plantação britânica nas Carolinas buscavam liberdade ao desembarcar e seguir para a cidade fronteiriça em busca de asilo religioso. Eles sabiam que o assentamento espanhol de Saint Augustine era um santuário religioso que oferecia liberdade a pessoas escravizadas que desejavam se tornar católicas.
‘Eles lhe explicaram que estavam pedindo sua proteção e que queriam se tornar católicos’, conta Jane Landers, professora de história.
A perigosa jornada para liberdade
A jornada para a liberdade poderia levar mais de uma semana e envolvia muitos perigos. Desde navegar por pântanos até lidar com caçadores de escravizados nas cidades, os fugitivos enfrentavam desafios constantes. Encontrar comida e água era difícil, mas a promessa de liberdade fazia com que muitos arriscassem tudo.
Às vezes, os nativos americanos Yamassee ajudavam os fugitivos, criando um precursor da ‘Ferrovia Subterrânea’. Esses 10 viajantes originais foram os primeiros a pedir asilo religioso documentado em Saint Augustine, estabelecendo as bases para uma sociedade mais justa e igualitária.
Reconhecimento da liberdade acima da cor da pele
Enquanto a Espanha via a escravidão de forma diferente, baseada mais em questões políticas e religiosas do que em raça, os britânicos mantinham um sistema de escravidão racial. As pessoas escravizadas sob domínio espanhol tinham direitos e proteções, incluindo a possibilidade de alcançar a liberdade através do serviço militar ou da conversão ao catolicismo.
A política desempenhou um papel importante na visão espanhola da escravidão, especialmente em um contexto de ameaças britânicas. O governador local permitiu os pedidos de asilo, revelando uma abordagem diferente à liberdade.
Protegendo a liberdade em uma cidade fronteiriça
Saint Augustine, uma cidade constantemente atacada por piratas e britânicos, procurava manter sua segurança. O estabelecimento de Forte Mose pelos residentes negros livres criou um lugar de proteção e igualdade para a comunidade. Liderados por Francisco Menéndez, esses moradores defenderam seu território em face de ataques.
O Forte Mose, considerado o primeiro assentamento negro livre legalmente sancionado nos EUA, representava a luta por liberdade e direitos. Após a reconstrução e venda da Flórida aos britânicos, a comunidade foi forçada a deixar sua terra para preservar sua liberdade.
O renascimento da liberdade em Lincolnville
Após o fim da escravidão, a comunidade livre em Lincolnville floresceu, mostrando a força e resistência dos negros em busca de igualdade. Ativistas locais como Robert B. Hayling e Martin Luther King Jr. desempenharam papéis cruciais no movimento pelos direitos civis, enfrentando segregação e lutando por liberdade.
Lincolnville, uma comunidade diversa e rica em cultura, foi palco de importantes eventos durante o movimento pelos direitos civis. A luta por liberdade e igualdade continua a ser celebrada através de exposições e representações históricas em Saint Augustine, destacando a importância da liberdade acima de qualquer barreira.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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