Marcas impulsionam vendas com chocolates menores ou alternativos; perspectiva de crescimento com preços estáveis e produtividade dos cacaueiros.
Desde o final de 2023, o mercado do cacau vem sendo impactado por diversas variáveis que influenciam diretamente os preços do fruto. O cacau é uma commodity extremamente volátil, sofrendo variações conforme a oferta e a demanda global.
Com essa alta nos preços do cacau, muitas indústrias de chocolates foram obrigadas a repassar esse aumento para os consumidores finais. O setor de chocolates tem enfrentado desafios constantes, mas a qualidade do produto final nunca é comprometida.
A alta do cacau: uma trajetória de alta impulsionada por La Niña e El Niño
Na última sexta-feira (22), os futuros do cacau encerraram cotados em US$ 8.872 — aumento de 113%. Os fenômenos climáticos La Niña e El Niño afetaram o ciclo de chuvas que, por sua vez, impactou a produtividade dos cacaueiros nos dois principais países produtores do mundo: Costa do Marfim e Gana. O impacto na produção de cacau chegou ao Brasil em uma época sinônimo de chocolates: a Páscoa. Renato Zanoni, responsável pelas operações comerciais da Ferrero no Brasil, destaca que o atual contexto apresenta uma das maiores disparadas dos preços do cacau em meio século.
Os desafios da indústria de chocolates diante do aumento de preços
A Ferrero enxerga esse cenário como um desafio e, diante disso, está implementando esforços e estratégias para acomodar alterações de custo de modo a minimizar o impacto para o consumidor. Entre janeiro de 2023 e de 2024, o preço do doce subiu 8%, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país. De acordo com dados do Procon-SP compilados para este feriado, o preço médio dos bombons ficou 8,76% mais caro, enquanto o dos tabletes subiu 8,3%. Já os tradicionais ovos de Páscoa ficaram até 18% mais caros para fornecedores, perdendo lugar para chocolates menores e mais baratos.
A crescente demanda por chocolates na Páscoa e as estratégias das marcas para agradar os consumidores
Essa realidade fica evidente em uma pesquisa da Kantar encomendada pela Mondelēz Brasil: no ano passado, o consumo de ovos de Páscoa caiu em relação a 2022, com 12,2% dos consumidores optando pelo doce típico. Executivos da Mondelēz e da Ferrero avaliam que os ovos são uma opção para presentear pessoas mais próximas. As marcas de doces estão se preparando para driblar — ou aproveitar — a alta do chocolate e tornar seus produtos mais atrativos nesse feriado.
Desafios e oportunidades para a indústria de chocolates durante a Páscoa
Zanoni reforça que é inevitável que a indústria se adeque a essa nova realidade do preço das commodities. Ao todo, de acordo com a Kantar, 53,9% dos consumidores optam controlar os gastos e consumir produtos do portfólio regular de chocolates durante a Páscoa — ou seja, os itens que são vendidos ao longo do ano. Caso a indústria não busque caminhos para lidar com a alta dos preços, não só a parcela de consumidores de produtos sazonais pode cair, como a de consumidores de chocolate no geral também. Landim, co-CEO da Dengo Chocolates, defende investimento em melhoria de processo e capacitação de pessoal para atender às demandas dos consumidores durante a Páscoa.
O Mercado de doces durante a Páscoa: estratégias e expectativas de vendas
De acordo com os dados da Kantar, 33,9% das pessoas não consumiram chocolate durante a Páscoa. Marcas como a Haribo e a Mondelez estão apostando em estratégias diferenciadas para atrair consumidores durante a época festiva. Haribo diversifica os pontos de venda e aposta em produtos licenciados para conquistar consumidores em busca de opções mais acessíveis. Já a Mondelez investe em embalagens comemorativas e produtos especiais para o período da Páscoa, atentando-se às mudanças de comportamento do consumidor. Grupo de consumidores para a Páscoa,’ avisa Alexandre Nedel, CCO da Haribo.’
Fonte: © CNN Brasil
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