Honda e Nissan, montadoras japonesas, firmam acordo para desenvolver veículos elétricos competitivos e enfrentar concorrência chinesa. Novidade visa reduzir custos de fabricação.
Veículos elétricos estão ganhando cada vez mais destaque no cenário mundial, com a China se destacando como líder de mercado, com marcas do país asiático dominando 60% das vendas globais. Diante dessa realidade, as montadoras globais estão buscando parcerias para reduzir custos e competir com a crescente oferta de carros elétricos chineses, que vêm se tornando mais acessíveis e tecnologicamente avançados.
A busca por alternativas sustentáveis de mobilidade tem impulsionado o mercado de carros elétricos, com os EVs se tornando a escolha preferida de consumidores preocupados com o meio ambiente. A competição acirrada exige que as montadoras tradicionais invistam em inovação e parcerias estratégicas para se manterem relevantes no mercado de veículos elétricos, que promete revolucionar a indústria automobilística global nos próximos anos.
Montadoras japonesas unem forças em acordos para desenvolver veículos elétricos
O mais recente movimento nessa direção envolve duas montadoras japonesas, a Honda e a Nissan, que deixaram de lado uma rivalidade histórica para anunciar nesta sexta-feira, 15 de março, uma parceria que, em tese, serviria para desenvolver carros elétricos competitivos.
Mas o tom cauteloso do anúncio por parte dos principais executivos da Honda (segunda maior montadora do Japão) e da Nissan (terceira do mercado local), sem um plano estratégico claro, apenas reforçou a urgência das gigantes do setor automobilístico japonês em reagir ante o avanço chinês.
O acordo anunciado, que não considera uma associação de capital por enquanto, limitou-se a um memorando de entendimento não vinculativo, sendo que o escopo de cooperação incluiria desenvolvimento conjunto de software, componentes básicos de EVs e tecnologia de inteligência automotiva.
Movimentações no mercado global impulsionam avanço dos carros elétricos
A união das montadoras japonesas ocorreu dias depois de a Volkswagen ter confirmado estar em negociações com a francesa Renault para reunir recursos para desenvolver veículos elétricos de baixo custo na Europa. Três outras montadoras japonesas – Toyota, Mazda e Subaru – já estão trabalhando juntas em veículos elétricos. A Mazda recorreu à Toyota para alguns sistemas eletrônicos e de software.
Subaru e Toyota compartilham a mesma plataforma em seus principais modelos EV globais. Com uma produção global de 4 milhões de veículos por ano cada, Honda e Nissan estão atrasadas no competitivo segmento dos EVs.
De olho no mercado americano, o único ainda não ocupado pelos veículos chineses, a Nissan vendeu apenas 20.616 veículos elétricos nos Estados Unidos em 2023, muito pouco diante dos 654.888 EVs comercializados pela Tesla. A Honda, que sequer oferece um modelo totalmente elétrico nos EUA, já vinha se mexendo, mas sem grandes resultados.
A montadora japonesa chegou a fechar parceria com a General Motors em EVs e veículos com célula de combustível (que adota o hidrogênio como fonte de energia). No ano passado, porém, as duas montadoras decidiram abandonar os planos para desenvolver em conjunto veículos elétricos de entrada porque não conseguiram encontrar uma estrutura de custos eficaz.
Desafios e oportunidades no setor automobilístico de carros elétricos
Com projeção de movimentar US$ 319 bilhões em vendas de EVs em 2024, segundo a consultoria Statista, o mercado chinês tem outros exemplos de empresas dispostas a ganhar tração no segmento, entre eles, nomes como Xpeng e Nio. Ao mesmo tempo, no exterior, as marcas chinesas vêm avançando em vários mercados.
No último trimestre de 2023, por exemplo, a BYD alcançou a liderança global de vendas, com a comercialização de 525.409 veículos, desbancando a Tesla.
Embora no consolidado de 2023 a empresa de Elon Musk tenha seguido na dianteira – 1,8 milhão de EVs entregues contra 1,57 milhão da marca chinesa -, a BYD registrou alta de vendas de 73% em relação a 2022, indicando que deixar a Tesla para trás é uma questão de tempo.
Analistas do setor indicam dois desafios para que a união das montadoras surta efeito para neutralizar a invasão chinesa no mercado global. Um deles envolve a política tanto corporativa quanto governamental que permeia o segmento dos veículos elétricos. Os EVs e a tecnologia neles inseridas são normalmente considerados os alicerces do futuro da indústria.
Isso torna o controle dessa indústria altamente sensível – o desenvolvimento dos carros autônomos é apenas um exemplo do que está em jogo. A dúvida é até que ponto parcerias entre montadoras que, a rigor, são concorrentes, faz sentido.
Além disso, o desenvolvimento dos veículos elétricos estão inseridos no contexto da transição energética, com cada país definindo sua própria meta de descarbonização. O governo dos EUA, por exemplo, quer que dois terços dos carros novos vendidos em 2032 sejam elétricos.
Fonte: @ NEO FEED
Comentários sobre este artigo