Autor do livro ‘Rir é Preciso’, professor colaborador de Psiquiatria na USP, abordando as criticas geracionais em tempos difíceis, explorando o aparato cognitivo e emocional.
Se você perguntar para os jovens da geração Z, provavelmente vão te dizer que nunca tiveram esse problema com a melhor parte do frango. Eles são conhecidos por questionar tradições e padrões antigos, buscando sempre por novas formas de pensar e agir. Essa característica da geração Z mostra o quanto eles são únicos e têm uma forma própria de encarar o mundo.
Os jovens da geração Z estão sempre em busca de autonomia e liberdade, o que muitas vezes entra em conflito com as expectativas da sociedade. Porém, é justamente essa rebeldia e vontade de mudança que fazem com que essa geração seja tão inspiradora. Eles estão determinados a fazer a diferença e deixar sua marca no mundo, independentemente das adversidades que encontrarem pelo caminho.
A importância da geração Z na sociedade atual
O avô que a ouve acha que ela se refere a sua geração, mas seu filho, que hoje é pai, pensa o mesmo. Todos se reconhecem porque é natural que os pais tentem dar o melhor para seus filhos.
Ao mesmo tempo, nenhum filho tem aparato cognitivo e emocional suficiente para aquilatar adequadamente esses esforços de seus pais – daí não nos lembrarmos de também termos sido privilegiados por eles.Críticas às novas gerações são cheias de problemas.
Foto: DisobeyArt/Adobe StockPUBLICIDADEÉ como a tola frase que diz que homens fortes criam tempos fáceis, tempos fáceis criam homens fracos, que criam tempos difíceis, que fazem homens fortes.
Trata-se de uma evidente crítica às novas gerações, considerando-as fracas e atribuindo isso a terem sido criadas nos tempos fáceis que seus pais – homens fortes crescidos em tempos difíceis – proporcionaram.Mas, se estendemos o raciocínio um pouquinho, ele desmorona.
A evolução dos jovens da geração Z
Ou, então, a geração anterior teria sido formada por homens fracos, já que deram ensejo aos tempos difíceis fizeram fortes seus descendentes.
Quem hoje aponta a fraqueza dos filhos raramente dirá que seus próprios pais tiveram tempos fáceis.Leia tambémÉ inevitável nos compararmos a outras pessoas; mas tem jeito certo de fazer issoEsses são só alguns exemplos de como a crítica geracional é cheia de pontos cegos.
As explicações que começam com ‘esses jovens’ normalmente são embasadas em ideias preconcebidas que parecem fazer sentido, mas que não resistem a uma análise mais profunda.PublicidadeSim, os mais novos apresentam diferenças.
Mas, mais do que uma mudança de geração, essas diferenças apenas antecipam as mudanças dos nossos tempos.Veja a notícia publicada no Estadão de que candidatos a empregos da geração Z (com seus 20 e poucos anos) vêm comparecendo a entrevistas acompanhados por seus pais. Superficialmente, parece um fenômeno que denuncia a imaturidade e insegurança dos jovens.
Mas, preste atenção: os pais aceitam ir junto. E mais: os empregadores embarcam na onda. Um cenário que seria impossível se só uma geração estivesse insegura.É fácil olhar para os filhos e identificar a fragilidade de sua geração.
Mais difícil é olhar para o espelho – ou para nossa geração – e entender que fazemos também parte desses novos tempos, gostemos deles ou não.Opinião por Daniel Martins de BarrosProfessor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
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Fonte: @ Estadão
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