Cartunista prolífico e dono de uma carreira de sucesso, fundador de O Pasquim, deixa os filhos Antonio Pinto, Daniela Thomas e Fabrízia. Foi cartazista para filmes e teve publicações internacionais.
Hoje, lamentamos a perda de um dos maiores ícones da cultura brasileira, o multi-talentoso Ziraldo, que nos deixou aos 91 anos de idade. Com uma carreira brilhante, o artista deixou um legado eterno através de seus personagens marcantes e de sua obra única, que encantou gerações de leitores e admiradores.
Ziraldo, criador de O Menino Maluquinho, conquistou o coração do público com sua irreverência e criatividade sem limites. Seu trabalho revolucionário na área dos quadrinhos e da literatura infantil deixou uma marca indelével na história do país, inspirando milhares de jovens a explorar a magia da imaginação. Sua genialidade será lembrada para sempre, trazendo alegria e aprendizado para crianças e adultos de todas as idades.
Ziraldo: Criador de O Menino Maluquinho inovador
Fora do Brasil, teve colaborações em revistas renomadas como ‘Penthouse’ e ‘Mad’.
Nascido em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, Minas Gerais, o talentoso Ziraldo Alves Pinto teve seu primeiro desenho publicado em 1939, quando ainda era jovem, no jornal ‘Folha de Minas’.
Em 1949, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde contribuiu para periódicos voltados ao público infantil e teve também suas obras publicadas na revista ‘A Cigarra’.
Em 1952, ao retornar a Minas Gerais, entrou para a Faculdade de Direito da UFMG. Embora formado, optou por seguir outro caminho profissional e dois anos depois sucedeu o cartunista Borjalo na ‘Folha de Minas’.
Ziraldo e sua carreira diversificada
Em 1957, de volta ao Rio, começou a colaborar com a revista ‘O Cruzeiro’, onde deu vida, dois anos mais tarde, ao Pererê, o saci. Com a grande receptividade do personagem, a editora da revista lançou uma publicação mensal dedicada exclusivamente às suas narrativas.
Surgia assim ‘A Turma do Pererê’, o primeiro grande sucesso de sua carreira.
Durante a década de 1960, Ziraldo passou a contribuir para o ‘Jornal do Brasil’ e para a revista ‘Pif-Paf’, sob a direção de Millôr Fernandes. Em 1969, fundou ‘O Pasquim’, juntamente com Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral.
Ziraldo e suas obras icônicas
Uma das passagens mais marcantes da publicação foi a entrevista com Leila Diniz, cujos comentários sobre questões de sexualidade e fidelidade resultaram, meses mais tarde, no Decreto 1.077, estabelecendo a censura prévia na imprensa brasileira.
No mesmo ano, publicou seu primeiro livro infantil, ‘Flicts’, narrando a história de uma cor em busca de seu lugar no mundo.
Legado e adaptações de Ziraldo
Da década de 1960 também surgiram personagens emblemáticos como Jeremias, o Bom, Supermãe e Mirinho, bem como suas contribuições como cartazista para filmes como ‘Os Cafajestes’ e ‘Os Fuzis’, ambos de Ruy Guerra.
Em 1982, Ziraldo deixou a redação de ‘O Pasquim’ para focar principalmente em livros destinados ao público infantil.
Ziraldo: inovador e premiado
Nessa fase inicial da década de 1980, recebeu dois prêmios Jabuti, por ‘O Menino Maluquinho’ (1980) e ‘O Bichinho da Maçã’ (1982). As aventuras do garoto com uma panela na cabeça deram origem a um derivado em 1995, intitulado ‘Uma Professora Muito Maluquinha’.
Essa história foi adaptada duas vezes: em 1996, para a televisão, dirigida por Sonia Garcia e estrelada por Letícia Sabatella; e em 2010, para o cinema, sob a direção de seu sobrinho, André Alves Pinto, com Paola Oliveira no papel principal.
O legado contínuo de Ziraldo
Em 1999, Ziraldo fundou as revistas ‘Bundas’ – uma paródia da ‘Caras’ – e ‘Palavra’.
Em 2002, juntamente ao irmão Zélio, passou a editar um novo periódico denominado ‘OPasquim21’, que cessou a circulação dois anos mais tarde. Além disso, em parceria com Maurício de Sousa, lançou ‘Mônica e o Menino Maluquinho na Montanha Mágica’, em 2018, durante a Bienal do Livro de São Paulo.
Reconhecimento contínuo e momentos difíceis
Em 2018, um AVC afetou Ziraldo, levando-o a ser hospitalizado em estado grave, porém, obteve posteriormente uma recuperação satisfatória.
No ano passado, o renomado escritor comemorou quatro décadas de sua obra mais famosa, ‘O Menino Maluquinho’.
Para marcar tal ocasião, a Melhoramentos lançou uma edição especial, com capa dura e incluindo os primeiros esboços de seu personagem principal. Esse livro já contabiliza 129 edições, vendendo quatro milhões de exemplares e sendo publicado em mais de dez países.
Legado de Ziraldo e projeções futuras
Com uma adaptação cinematográfica em 1995, dirigida por Helvécio Ratton, a obra está a caminho de se tornar uma série animada, com previsão de lançamento para este ano na plataforma de streaming Netflix.
Apesar dos desafios de saúde enfrentados nos últimos anos, Ziraldo continua sendo um ícone na literatura infantil. Sua contribuição é inegável, e seu legado perdurará como uma marca indelével no universo das artes e da cultura.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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