Única e dívida, União Barbarense compra imóvel avaliado em 30%, temendo demolição. Estádio centenário, construído na rua 13 de maio, São Paulo interior, amistosa partida, oitava turma TST e STF, dependências, União Barbarense, imóvel – tombamento solicitado em Justiça do Trabalho.
O União Barbarense era um time amador, de aproximadamente sete anos, quando estreou no seu próprio estádio. No estádio localizado na rua 13 de maio, em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, conquistou uma vitória em um amistoso contra o Concórdia, de Campinas, por 3 a 1. Naquela ocasião, somente os torcedores presentes ao redor do estádio tinham conhecimento do desenrolar da partida.
No entanto, a história do União Barbarense não se restringe apenas ao seu estádio. O clube também possui um belo imóvel para treinamentos e eventos, além do tradicional campo de jogo que é palco de muitas emoções para os torcedores. A relação entre o time e seu estádio é marcada por momentos inesquecíveis, que ecoam além das quatro linhas do futebol.
Desafios para a Preservação do Estádio União Barbarense
Não havia uma única emissora irradiando a partida. Afinal, não existiam emissoras – a primeira transmissão de rádio no país só seria feita um ano depois, em 1922, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. Inaugurado em 22 de maio de 1921, o imóvel que depois seria batizado como Antônio Lins Ribeiro Guimarães, o presidente do clube na época, se aproxima dos 103 anos sob risco de ser demolido. Foi ali que a equipe criada no início do século passado ergueu a taça da Série C de 2004, seu maior título. Asfixiado por dívidas, porém, o União Barbarense teve seu maior patrimônio vendido a mando da Justiça do Trabalho por R$ 11 milhões, menos de um terço do valor pelo qual ele foi avaliado. Esse dinheiro é insuficiente para pagar os credores que processaram o clube na ação que determinou o leilão. Em abril, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) negou mais um recurso que tenta anular a negociação da área do estádio. Sem sucesso na corte de Brasília, o clube vê agora a Justiça como um caminho estreito para salvar o estádio. Em ano de eleições municipais, acompanha, de forma marginal, a política tomar a pauta em busca de votos na cidade de 183 mil habitantes, a 148 quilômetros de São Paulo. Políticos locais se engajaram e fazem promessas numa campanha iniciada por torcedores pelo tombamento do imóvel – algo que já foi negado pelo órgão que cuida do patrimônio histórico da cidade duas vezes. Na última semana de abril, a oitava turma do TST rejeitou por unanimidade um agravo do clube, que busca anular o edital que levou o estádio a leilão. Há ainda a possibilidade de novos recursos que podem colocar a discussão no STF (Supremo Tribunal Federal). Essa batalha nos tribunais se estende por anos, mas agora resta pouca esperança de uma solução jurídica. – Qual é a realidade? É esperar a Justiça negar o nosso recurso, que o oficial de Justiça venha até a nossa secretaria e faça o comunicado da desocupação de todas as dependências do União Barbarense. Nós vamos colocar os nossos troféus numas caixas, arrumar algum lugar da cidade para guardar. E entregar a chave, porque nem a chave vai nos pertencer – emocionou-se Carlos Dalberto, o ‘Festa’, 60 anos, quase 40 deles como membro-fundador da TUSB (Torcida Uniformizada Sangue Barbarense). O União Barbarense foi criado em 1914 e, seis anos depois, fundiu-se com o 7 de Setembro, equipe ligada à Companhia de Estrada de Ferro e Agrícola de Santa Bárbara. Foi a empresa, um marco no desenvolvimento da cidade, quem cedeu à agremiação uma área de cerca de 60 mil metros quadrados para a construção de um estádio em 1920 – como forma de gratidão, o clube adicionou o termo ‘agrícola’ ao seu nome, o União Agrícola.
Fonte: © GE – Globo Esportes
Comentários sobre este artigo