Aparelhos piratas seriam forçados a baixar atualização que os desativa, diz agência de telecomunicações.
Em um movimento inovador, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apresentou uma proposta ambiciosa de atualizar as caixinhas de TV irregularmente, visando reduzir a presença desses dispositivos na internet.
A proposta foi acolhida durante o concurso da Anatel e alinha-se com a luta contra as piratas de TV que oferecem conteúdo de maneira ilegal. As caixinhas de TV irregulares são conhecidas por oferecerem serviços de IPTVs de baixa qualidade e a custo zero. O método de atualização proposto visa redirecionar o acesso dessas caixinhas para que elas sejam impedidas de se conectar à rede. Além disso, a Anatel está trabalhando em estreita colaboração com operadoras de internet para implementar essa solução.
Caixinhas Irregulares: O Novo Alvo da Fiscalização
O trabalho da Anatel está mudando, com foco na derrubada de servidores que podem ser facilmente restaurados. Com uma nova abordagem, a fiscalização aconteceria diretamente nos caixinhas irregulares, que são conhecidas por distribuir conteúdo protegido e serem inseguras, expondo usuários a roubos de dados sigilosos.
Além de fornecer acesso indevido a canais e serviços de streaming, as caixinhas irregulares podem ter uma ‘pane geral’, o que é uma proposta apresentada por um dos vencedores do concurso criado para combater essas caixinhas, também conhecidas como IPTVs piratas. O desenvolvedor de sistemas Daniel Lima e seus colegas vencedores do concurso Hackathon TV Box, organizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apresentaram uma proposta que inutiliza as caixinhas por meio de uma atualização forçada.
A Anatel disse que está conversando com os participantes do concurso, mas não confirmou se vai implementar as ideias. Hoje, a agência costuma pedir para as operadoras bloquearem servidores usados pelas caixinhas irregulares. Mas é como enxugar gelo: os endereços dos servidores na internet são atualizados, o que faz as caixinhas voltarem a funcionar. Por isso, a ideia do grupo de Daniel foi ir além do que a Anatel já faz para limitar o uso de aparelhos sem autorização.
Funcionamento da Nova Abordagem
A pedido da Anatel, a operadora que receber a tentativa de uma TV box de abrir um servidor pirata pode direcionar o acesso para outro endereço, em que há um arquivo de atualização que é baixado automaticamente e pode impedir o funcionamento da caixinha. ‘Conseguimos adicionar um código que a inutiliza totalmente’, disse Daniel. ‘Nossa solução utiliza recursos avançados de rede para possibilitar que o software da caixinha seja alterado, e o usuário seja impossibilitado de acessar conteúdo protegido’.
O método é possível porque são as operadoras (ou ISPs, sigla em inglês para ‘provedor de serviços de internet’) que administram a comunicação de rede. ‘Como a Anatel controla os ISPs, ela consegue obrigá-los a implementar os recursos avançados de rede que tornam possível à caixinha receber um pacote alterado’, explicou Daniel. ‘No momento em que a Anatel implementar a solução, vai ser uma pane geral na maioria das caixinhas irregulares que estão em uso’, disse Daniel.
Para evitar a inutilização de TV boxes regulares, é necessário definir padrões que afetem somente as caixinhas piratas, como as informações que o próprio aparelho envia sobre si na comunicação com a internet e os endereços que ele busca acessar.
O Caminho Para a Implementação
O concurso teve a participação de profissionais e estudantes de áreas como cibersegurança, rede e desenvolvimento. Além do grupo de Daniel, outras duas equipes foram premiadas pela Anatel. Agora, com as propostas apresentadas, fica a cargo da própria Anatel implementar as soluções (ou parte delas). Isso porque trata-se de uma questão complexa que envolve a comunicação de rede, a segurança e a regulamentação.
Fonte: © G1 – Tecnologia
Comentários sobre este artigo