Um terço das pessoas casadas no Senegal estão em uniões poligâmicas, apesar de contribuir para a discriminação contra as mulheres, conforme relatório da ONU.{lng{
Recentemente, o novo presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, foi empossado em seu cargo. No evento de posse, esteve ao lado de Marie Khone, sua parceira há mais de uma década, demonstrando publicamente seu apoio em sua jornada política.
Além do compromisso com Marie, Bassirou Diomaye Faye é conhecido por defender a legalização da poligamia no país, argumentando que a plurimonia é uma prática cultural importante para muitas famílias senegalesas. Sua postura tem gerado debates acalorados entre os cidadãos, que discutem os impactos socioculturais da poligamia e da polidrusia na sociedade atual.
Diomaye Faye e suas esposas
Além deles, também estava presente a outra esposa de Diomaye Faye, Absa, com quem o novo presidente se casou há cerca de um ano. Como o novo presidente é bígamo, o Senegal agora tem duas primeiras-damas.
Ao tomar posse acompanhado das duas esposas, Faye fez um aceno aos muçulmanos do país, que são maioria no Senegal.
A poligamia é uma prática tradicional entre os muçulmanos senegalenses, especialmente nas zonas rurais. O Islã permite que os homens tenham até quatro esposas, desde que tenham recursos para sustentá-las e passem tempo igual com cada uma.
Quando Faye apareceu com suas duas esposas, foi aplaudido por uma multidão.
Faye já afirmou que tem orgulhoso de sua situação conjugal. Durante a campanha ele afirmou que tem filhos lindos porque tem esposas formidáveis. ‘Elas são muito lindas. Agradeço a Deus porque estão sempre ao meu lado’, afirmou.
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Poligamia virou tema de discussões no país
O assunto da poligamia do presidente passou a ser tema de debates na mídia do país e nas redes sociais.
‘Esta é uma consagração da tradição da poligamia ao mais alto nível do Estado, uma situação que reflete a tradição senegalesa’, disse o sociólogo Djiby Diakhate.
O sociólogo Fatou Sow Sarr afirmou na rede social X que ‘a poligamia, a monogamia ou a poliandria são modelos patrimoniais determinados pela história de cada povo’ e disse que o Ocidente ‘não tem legitimidade para julgar’ as culturas do país.
No Senegal, a homossexualidade é punida com penas de um a cinco anos de prisão.
Muitas mulheres no Senegal são contrárias à poligamia. Um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU indicou que essa prática contribui para a discriminação contra as mulheres.
Mudança de protocolo
A autora senegalesa Mariama Ba criticou duramente a poligamia no seu romance de 1979 ‘Uma Carta Tão Longa’, no qual descreve o sofrimento e a solidão das mulheres quando os seus maridos decidem ter uma segunda esposa, geralmente mais jovem.
O ex-ministro da Cultura e acadêmico Penda Mbow afirmou que a situação conjugal do novo chefe de governo é algo inédito: ‘Isso significa que todo o protocolo deve ser revisto’, disse ele.
Quase um terço dos casados são polígamos
No Senegal, muitos casamentos não são registrados, o que torna difícil estimar a prevalência da poligamia, mas um relatório de 2013 do escritório nacional de estatísticas informou que 32,5% das pessoas casadas fazem parte de uma união poligâmica.
Para Diakhaté, o presidente eleito ‘enviou uma mensagem potente para que outros homens assumam que são polígamos’.
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Fonte: © G1 – Globo Mundo
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