Ex-presidentes BC analisam mercado em 30 anos do Plano Real: dinâmica, história perdulária, bom comportamento fiscal, consolidação em Brasília.
Existem muitas críticas no cenário econômico à política fiscal brasileira, sobretudo em um período de aumento do risco Brasil frente a uma agenda governamental contrária à política monetária do Banco Central (BC).
A importância da gestão financeira eficiente se destaca ainda mais em meio às discussões sobre a política fiscal. É fundamental encontrar um equilíbrio entre as ações do governo e as diretrizes do BC para garantir a estabilidade econômica do país.
Reflexão sobre a Política Fiscal e a Gestão Financeira
Não é de hoje que a dinâmica perdulária tem sido parte integrante de nossa história. A questão que se coloca é: o Brasil tem uma solução viável para isso? Segundo as sumidades de mercado Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002), e Gustavo Franco, ex-secretário adjunto de política econômica da mesma pasta (1993 – 1999) e atual sócio da Rio Bravo Investimentos, o quadro fiscal do Brasil pode ser solucionado, embora não seja uma tarefa simples.
Ambos tiveram papéis fundamentais na condução do Plano Real, que foi crucial para conter uma inflação desenfreada que atingiu 4.922% em 12 meses, em junho de 1994, antes da introdução do real. O bom comportamento fiscal é essencial para reduzir as taxas de juros e impulsionar a criação de riqueza. No entanto, a questão central é como coordenar as discussões econômicas para promover uma agenda de consolidação fiscal em Brasília.
Durante um painel realizado pela B3 e pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em São Paulo na semana passada, Castro e Malan destacaram a importância de uma política fiscal responsável. Eles ressaltaram que a falta de liderança política compromete a mediação necessária para avançar nessa agenda.
A reestruturação macroeconômica, exemplificada pelo Plano Real, pode transformar significativamente a economia, como evidenciado pelo aumento da capitalização de mercado da bolsa brasileira de US$ 300 bilhões em 1994 para US$ 1,7 trilhão 20 anos depois. Essa mudança ilustra como uma abordagem abrangente, como a implementada pelo Plano Real, pode gerar riqueza de forma mais eficaz do que simplesmente buscar novas fontes de receita para impulsionar o crescimento do PIB.
Gustavo Franco enfatizou a diferença entre os impactos de uma política fiscal ampla, como o Plano Real, e da política monetária. Enquanto os juros são fundamentais para as expectativas do mercado no presente, a política fiscal engloba a gestão das contas públicas, equilibrando despesas e receitas em todos os níveis de governo.
Pedro Malan ressaltou a importância de um regime fiscal que permita o planejamento a longo prazo, possibilitando que as pessoas construam um futuro sustentável para as próximas gerações. As conquistas alcançadas com o Plano Real elevaram a economia brasileira ao grau de investimento, conferindo-lhe uma reputação favorável junto às principais agências de classificação de risco internacionais, como S&P e Moody’s.
Um bom rating de crédito é essencial para atrair investidores estrangeiros, destacando a relevância de uma política fiscal sólida e responsável para o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. A consolidação fiscal e a gestão financeira eficaz são fundamentais para garantir um futuro próspero e estável para o país.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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