Advogado de Jair Bolsonaro disse que acervo das joias sauditas estava na fazenda do ex-piloto de F1; inquérito da PF contradiz defesa.
O inquérito da Polícia Federal (PF) sobre o caso das joias sauditas contradiz o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aponta que as peças não foram guardadas na fazenda do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, em Brasília, e sim nos Estados Unidos, onde seriam leiloadas. Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro, afirmou, em abril de 2023, que o ex-presidente havia guardado seu acervo na fazenda de Piquet pouco antes do término de seu mandato na Presidência da República. No entanto, segundo o relatório da PF que investiga o caso, cujo sigilo foi retirado por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira (8):
‘Conforme exposto, ao contrário da versão publicada em fontes abertas, os referidos objetos não estavam no Brasil, especificamente na localidade ‘Fazenda Piquet’, em Brasília (DF), mas sim nos Estados Unidos para serem alienados, fato que não ocorreu devido à ausência de lance no leilão ocorrido no dia 08/02/2023.’ O documento da PF indica também que Marcelo Câmara, coronel do Exército e então assessor de Bolsonaro, demonstrou preocupação com uma eventual vistoria do Tribunal de Contas da União (TCU) na fazenda de Piquet, em conversas com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. No diálogo (veja abaixo), Câmara envia a Cid o link de uma reportagem do jornal O Globo intitulada ‘Pacote de joias recebido por Bolsonaro não está no acervo da Presidência, diz Planalto’.
Diálogo revela preocupação com joias de alto valor
A conversa entre Marcelo Câmara e Mauro Cid, de acordo com a Polícia Federal, evidencia a inquietação dos investigados em relação às joias preciosas. Os investigadores apontam que a mensagem transmitida reflete a apreensão dos envolvidos, uma vez que os objetos valiosos não estavam no Brasil, mas sim foram retirados do país, inclusive alguns transportados no dia 30/12/2022 pelo avião presidencial e levados aos Estados Unidos para serem vendidos. A preocupação em torno das peças de valor é destacada no diálogo, onde Câmara questiona sobre os itens e a necessidade de contato com outra pessoa para tratar do assunto.
Desdobramento das investigações sobre as joias sauditas
O relatório da PF esclarece a continuidade da conversa entre os envolvidos, revelando a separação das peças que compunham o ‘Kit de Ouro Branco’. O relógio Rolex, parte do conjunto, foi vendido para uma loja nos Estados Unidos, enquanto o restante foi destinado a estabelecimentos em Miami. A defesa de Bolsonaro, por sua vez, responde às acusações levantadas, ressaltando o protocolo de tratamento e catalogação dos objetos de valor oferecidos ao ex-presidente durante seu mandato. O Gabinete Adjunto de Documentação Histórica é mencionado como responsável por analisar e definir a destinação das joias no acervo público ou privado da Presidência.
Posicionamentos em relação ao caso das joias de alto valor
A defesa de Bolsonaro emite uma nota em resposta à divulgação do relatório da PF, esclarecendo que a gestão dos presentes oferecidos aos presidentes segue um rigoroso protocolo, sob responsabilidade do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. A análise e destinação dos itens são realizadas de acordo com parâmetros legais, sem interferência direta do Chefe do Executivo. A defesa destaca que todos os ex-presidentes tiveram seus presentes avaliados e catalogados, seguindo procedimentos estabelecidos em gestões anteriores. A CNN busca posicionamentos adicionais sobre o caso, mantendo espaço aberto para manifestações.
Fonte: @ CNN Brasil
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