EarthSight analisou imagens de satélite, registros de exportação e decisões judiciais; suspeita de insumos de grilagem de terras; empresas aguardam investigação.
Um recente estudo divulgado pela ONG Earthsight revela conexões entre o algodão presente em peças de vestuário das renomadas marcas Zara e H&M e áreas suspeitas de grilagem e desmatamento no cerrado brasileiro. O algodão utilizado na confecção dessas peças é proveniente de fontes certificadas pela Better Cotton (BC), uma organização que promove práticas sustentáveis no cultivo do algodão em diversos países ao redor do mundo.
O uso responsável desse tecido natural é essencial para garantir a preservação do meio ambiente e o respeito aos direitos humanos ao longo de toda a cadeia de produção. Além disso, a transparência na origem do algodão é fundamental para garantir a sustentabilidade da indústria têxtil e promover a conscientização dos consumidores sobre a importância de escolher produtos fabricados de forma ética e sustentável.
Novos Padrões de Qualidade no Controle do Algodão
A organização não governamental expressa sua preocupação com os métodos de fiscalização utilizados pela entidade em questão. Durante mais de um ano, os membros da Earthsight dedicaram-se a analisar com minúcia imagens de satélite, decisões judiciais, registros de exportação e a participar secretamente de feiras comerciais globais. O objetivo era rastrear quase um milhão de toneladas de algodão produzido por grandes produtores do Brasil.
A Earthsight identificou um total de 816 mil toneladas desse importante tecido natural, desde as fazendas investigadas até oito empresas asiáticas responsáveis pela fabricação de cerca de 250 milhões de peças de vestuário e artigos para o lar. Esses produtos abastecem as lojas globais de marcas renomadas como H&M, Zara, Bershka e Pull&Bear, entre outras.
Métodos de Fiscalização e Organização na Indústria do Algodão
É importante destacar que todo o algodão rastreado pela Earthsight foi certificado como sustentável pela Better Cotton, uma certificadora reconhecida no mercado. Este algodão sustentável é amplamente utilizado na produção das coleções das marcas H&M e Zara, sendo que quase metade desse material tem origem no Brasil, de acordo com o relatório.
A exposição das informações pela Earthsight, relacionando a procedência do algodão a suspeitas de grilagem de terras e desmatamento, desencadeou uma investigação interna. A Better Cotton informou que novas pesquisas estão em andamento para verificar a conformidade das fazendas rastreadas com o ‘Better Cotton Standard’.
Imagens de Satélite e Decisões na Exportação de Algodão Rastreado
Em comunicado datado de 22 de setembro de 2023, a Better Cotton assegurou a necessidade de realizar avaliações adicionais para abordar as questões levantadas no relatório da Earthsight. Um auditor independente será contratado para verificar a conformidade das áreas de risco identificadas. O objetivo é concluir as avaliações externas nas próximas 12 semanas.
Em 1º de março, foram atualizadas as regras da Better Cotton. No entanto, a Earthsight aponta falhas significativas, incluindo conflitos de interesse e aplicação insuficiente. O algodão proveniente de áreas desmatadas ilegalmente antes de 2020 ainda é certificado, apesar das evidências de produção em terras roubadas de comunidades locais.
Exploração do Algodão na Exportação e Participação em Feiras Globais
Marcas como Zara e H&M receberam questionamentos em relação a essa investigação. A Zara declarou a gravidade das acusações contra a Better Cotton e solicitou transparência no resultado da investigação. A Inditex, controladora da marca, ressaltou que não adquire algodão diretamente, e que este é regulamentado por entidades independentes, responsáveis por certificar as boas práticas na produção.
A H&M não respondeu até o momento sobre o assunto, mostrando a sensibilidade do tema. A indústria do algodão, apesar de sua importância econômica, enfrenta desafios em relação à sua cadeia de produção, exigindo aprimoramentos constantes nos métodos de fiscalização e nas normas de qualidade para garantir a sustentabilidade e a procedência ética desse precioso tecido natural.
Fonte: @ Info Money
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