Na Brasil, pressão de pais e violência em escolas aumentaram, especialmente durante a pandemia. Casos de suicídio e agressividade contra alunos. Em 2023, Nova Escola e Instituto Ame: 86,8% de educadores testemunharam agressões físicas, socos, xingamentos e perseguições. Diversas partes do mundo: pressão “no peito” e ameaças violentas contra alunos. São Paulo: 7 em 10 educadores sofreram ataques, 1 em 5 professores afogados por pressão. Perigosas tendências de 2022.
‘Sinto uma forte pressão no peito. É como se estivesse me afogando. Sinto que vou cair. Nem sequer sei onde estou.’
Duas semanas após escrever isso, Lee-Min so, uma professora primária da Coreia do Sul, se suicidou.
‘Sinto uma forte pressão no peito. É como se estivesse me afogando. Sinto que vou cair. Nem sequer sei onde estou.’
Em meio a agressões constantes, Lee-Min so também enfrentava perseguição e ameaças frequentes, o que a levou a um estado de desespero insuportável.
Aumento das Agressões nas Escolas: Um Problema Global
Embora o suicídio seja um incidente decorrente de vários fatores (leia abaixo onde procurar ajuda no Brasil), a família dela descobriu ao ler seus diários que ela estava sendo oprimida e perseguida por pais de alunos. A notícia desencadeou uma onda de indignação entre os professores do país, que exigiram mais proteção. Trata-se da face mais extrema de um problema que os professores vivenciam em diversas partes do mundo: o aumento das agressões e da pressão por parte de pais e alunos.
O Brasil tem registrado diversos casos de ataques violentos a professores. No ano passado, uma professora morreu e quatro pessoas ficaram feridas em ataque a escola estadual em São Paulo. Uma pesquisa realizada em 2023 pela Nova Escola e Instituto Ame Sua Mente mostrou que 7 em cada 10 educadores notaram um aumento da violência e agressividade entre os alunos em 2023. O levantamento ouviu professores em escolas públicas e privadas no Brasil, em diferentes níveis de ensino. E também mostrou que 7 em cada 10 afirmam já ter tido conhecimento de algum caso de violência por parte dos alunos nas escolas onde trabalham.
Enquanto isso, o que acontece em outros países? Na Inglaterra, quase um em cada cinco professores foi agredido por um aluno neste ano, segundo dados de um levantamento encomendado pela BBC, no qual 9 mil professores foram entrevistados nos últimos dois meses. Na Espanha, uma professora do ensino médio de um centro de Valência foi agredida com socos e pontapés por um aluno neste ano. Em Bogotá, na Colômbia, uma professora denunciou nas redes sociais a surra brutal que levou de uma aluna, depois de pedir a ela que não usasse o celular. Em Santiago, no Chile, um professor ficou inconsciente após ser espancado por um aluno, ao comunicar a ele, ao lado da mãe, que repetiria de ano.
Mais agressões do que há dois anos Lorraine Meah é professora de escola primária no Reino Unido há 35 anos. E, na experiência dela, o comportamento dos alunos piorou nos últimos anos. Ela conta que testemunhou alunos do jardim de infância ‘cuspirem e xingarem’ — e que o pior comportamento foi demonstrado por crianças de 5 e 6 anos, que apresentaram ‘tendências perigosas’, como atirar cadeiras. ‘Quando, em uma turma de 30 crianças, há três ou quatro que apresentam um comportamento desafiador, é difícil de lidar’, afirma Meah à BBC. No Chile, o Colégio de Professores e Professoras, organização nacional que conta com mais de 100 mil membros, realizou uma pesquisa que mostrou que 86,8% dos professores foram vítimas de insultos e ameaças feitas, principalmente, por alunos e responsáveis — ou seja, pais, mães ou representantes. No país, a ocorrência de situações deste tipo quase dobrou desde 2018. Para María Elena Duarte, psicóloga chilena especializada na área educacional e clínica, uma das causas deste fenômeno é a mudança na forma como a escola e o vínculo entre professores e alunos são percebidos.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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