Les Hénokiens reúne 56 empresas tradicionais, algumas com mais de 200 anos de existência, mostrando a importância da visão de longo prazo e da inovação.
O que o banco Mirabaud tem a ver com a confeitaria Toraya, dos tradicionais docinhos wagashi? E qual é a relação entre a editora musical Henry Lemoine e a joalheria Mellerio? Ou da fabricante de tecidos Vitale Barberis Canonico com o armador Augustea?
Essas conexões surpreendentes entre empresas de setores tão distintos mostram como os negócios podem se entrelaçar de maneiras inesperadas, criando parcerias inovadoras e colaborações únicas. A diversidade de atuação dessas empresas demonstra a amplitude de possibilidades no mundo dos negócios, onde a criatividade e a visão estratégica podem abrir portas para novas oportunidades.
Empresas Enoqueanas: Tradição e Longevidade
Elas… e também Zaiso Lumber, Möller, Amarelli, Köchert, Pollet, Hottinger, Revol, Pinto Basto, Gekkeikan, Lobmeyr, De Kupyer, Beretta… grandes, médias e pequenas, dedicadas às mais diversas atividades, são todas empresas ‘enoqueanas’. Sexto patriarca depois de Adão, pai de Matusalém e bisavô de Noé, Enoque tinha 365 anos, quando ‘não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou’, lê-se no Antigo Testamento. Na mitologia bíblica, Enoque não morreu: ele foi elevado aos céus.
Por sua perenidade, o personagem serviu de inspiração para a associação Les Hénokiens — um seletíssimo clube cujos afiliados são negócios familiares com, no mínimo, 200 anos de história. Exigência difícil de cumprir, mas não impossível. As regras, porém, são ainda mais rigorosas. Condição número 2: a companhia deve ser administrada por um descendente do fundador.
Três: mais de 50% do patrimônio da empresa deve estar nas mãos da família original. Quatro: saúde financeira equilibrada. Cinco: governança alinhada aos preceitos da sustentabilidade socioambiental. E, por fim, talvez, a premissa mais complicada: para fazer parte do grupo, é preciso ser convidado. Ah… deve-se ainda pagar uma taxa proporcional ao faturamento do negócio.
E, é de bom tom, confirmar presença nas reuniões anuais do grupo. Não à toa, apenas 56 organizações compõem hoje a comunidade — 15 francesas, 14 italianas, dez japonesas, cinco suíças, quatro alemãs, duas holandesas, duas belgas, duas austríacas, uma inglesa e uma portuguesa. Desde 1981, quando a associação foi lançada, o número de empresas vem se alterando. É natural.
Conforme envelhecem, novos sócios chegam. E, alguns saem. Quando aconteceu, na maioria das vezes, foram desfiliados porque os descendentes da família fundadora renunciaram ao negócio. O próprio idealizador da Les Hénokiens, o francês Gérard Gotlin teve de sair do grupo em 2006. Na ocasião, a marca de bebidas de sua família, a Marie Brizard & Roger, foi vendida para o grupo Belvédère, por € 410 milhões. De 1755, a empresa criou o primeiro licor de anis do mundo.
Enoqueanas: A História de Empresas Centenárias
Tradições preservadas Ao atravessar o tempo, sobrevivendo a guerras, insurreições, crises financeiras, catástrofes naturais, epidemias e conflitos internos, as empresas ‘enoqueanas’ transformaram culturas, ajudaram a remodelar a política e a revigorar a economia global. Na mesma família há 46 gerações, a hospedaria Hōshi é reveladora da riqueza imbuída nos negócios familiares bicentenários. A mais antiga entre as 56 companhias da Les Hénokiens, foi fundada no século 8, na província de Ishikawa, no litoral do Mar do Japão.
Nos últimos 1.307 anos, o hotel, claro, evoluiu. Com capacidade para acomodar 450 pessoas, os 100 quartos oferecem televisão de tela plana e Wi-Fi. As tradições, no entanto, estão preservadas. Até hoje, ao chegar, o visitante recebe um yukata, o quimono de algodão usados pelos antigos nobres no onsen, o banho em águas termais. Como a cerimônia do chá, o jantar se mantém fiel à vocação da região, com pratos à base de mariscos.
Fonte: @ NEO FEED
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