Clientes interagem com ‘pessoas’ em bordel cibernético. Empresas alertam cautela, apesar da demanda e fase de testes com bonecas dubladoras.
No final deste mês, pessoas em São Paulo poderão experimentar um novo tipo de entretenimento com inteligência artificial. O primeiro parque temático do Brasil a utilizar IA em suas atrações promete uma experiência única, onde os visitantes poderão interagir com robôs e personagens virtuais.
Além disso, a cidade também está investindo em chatbots para melhorar a comunicação com os cidadãos. Os assistentes virtuais estão sendo implementados em diversos setores, desde atendimento ao cliente até serviços públicos, facilitando a vida dos moradores da cidade.
Inteligência Artificial na Era do Entretenimento Adulto
Muitas pessoas encontram na inteligência artificial uma aliada para compartilhar assuntos privados, sem medo de julgamentos. É o que defende Philipp Fussenegger, fundador e proprietário do Cybrothel. Anteriormente, o interesse se concentrava em bonecas com dubladoras, permitindo aos usuários apenas ouvir a voz e interagir com a boneca. No entanto, atualmente, a demanda por interação com inteligência artificial cresceu exponencialmente.
Uma análise da consultoria SplitMetrics revelou que os aplicativos de IA voltados para oferecer companhia alcançaram 225 milhões de downloads na Google Play Store. Essa tendência tem despertado a atenção de desenvolvedores de aplicativos, que buscam maneiras de inovar e monetizar nesse setor em constante evolução.
Misha Rykov, pesquisador de privacidade do projeto Privacy Not Included da Fundação Mozilla, destaca a lucratividade de utilizar IA para oferecer companhia aos usuários. Ele ressalta que a maioria dos chatbots e assistentes virtuais cobra taxas, o que torna esse mercado altamente rentável. Além disso, a coleta de dados pessoais por esses aplicativos abre portas para parcerias com anunciantes, consolidando um modelo de negócios lucrativo.
No entanto, a integração da inteligência artificial com o ramo de entretenimento adulto levanta preocupações. A fusão da IA com negócios desse setor tem gerado debates sobre o uso de IA generativa, que pode perpetuar estereótipos de gênero retrógrados em chatbots sexuais. Kerry McInerney, pesquisadora sênior do Centro Leverhulme para o Futuro da Inteligência da Universidade de Cambridge, alerta para a importância de compreender os conjuntos de dados utilizados no treinamento desses chatbots.
Misha Rykov destaca o risco de dependência que os chatbots de IA podem representar, especialmente para pessoas solitárias. Ele ressalta o potencial viciante desses chatbots e os possíveis danos à saúde mental dos usuários. Além disso, a questão da privacidade também é levantada, com a coleta massiva de dados pessoais pelos chatbots de companhia.
Os impactos negativos do uso da IA nesse contexto também são discutidos, com alertas sobre possíveis decepções em encontros reais que não correspondam aos padrões estabelecidos pela interação virtual. É fundamental um debate amplo e consciente sobre o papel da inteligência artificial no entretenimento adulto, visando garantir uma abordagem ética e responsável nesse cenário em constante evolução.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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