Elogiado por Machado de Assis, publicou 14 obras sobre romance brasileiro, colônia de pescadores, arquitetura colonial latino-americana e doenças infectocontagiosas, apesar de criar seis filhos e trabalhar cedo.
O relançamento de “O Filho do Pescador”, de Teixeira e Souza, é uma oportunidade única para mergulhar no primeiro romance brasileiro e conhecer melhor o seu autor, um mestiço talentoso que nasceu em Cabo Frio (RJ). Embora tenha enfrentado dificuldades financeiras, Teixeira e Souza deixou um legado literário que continua a inspirar gerações de leitores.
Como um escritor autodidata, Teixeira e Souza superou obstáculos para criar uma obra-prima que reflete a realidade brasileira do século XIX. O Filho do Pescador é um testemunho da sua habilidade em capturar a essência da vida cotidiana e da luta do pobre em busca de um futuro melhor. Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, reconheceu o talento de Teixeira e Souza e o chamou de “gênio adormecido“, um elogio que resume a importância da sua contribuição para a literatura nacional. A obra de Teixeira e Souza é um tesouro escondido que agora pode ser descoberto por uma nova geração de leitores.
Teixeira e Souza: O Autor do Primeiro Romance Brasileiro
Admiradores homenageiam o busto de Teixeira e Souza em Cabo Frio (RJ), cidade natal do escritor brasileiro que marcou a literatura nacional com o primeiro romance brasileiro, ‘O Filho do Pescador’. Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, um autor mestiço e pobre, enfrentou inúmeras dificuldades ao longo de sua vida, mas não deixou de produzir obras literárias importantes.
Nascido em 1812, Teixeira e Souza cresceu em uma cidade pobre e paupérrima, com apenas duas mil habitantes. A colônia de pescadores de Cabo Frio era um local de grande simplicidade, sem pontes ou infraestrutura adequada. O escritor José Correia Baptista, que pesquisa a obra de Teixeira e Souza, descreve a cidade como um local que se formou lentamente, levando oitenta anos para ter um sino na igreja.
A Vida Difícil de Teixeira e Souza
Teixeira e Souza teve que largar as aulas de latim aos dez anos para aprender carpintaria, devido à situação financeira precária de sua família. O pai, um comerciante português, estava quebrado, e a mãe, uma brasileira preta, havia morrido. Os anos seguintes foram difíceis para o jovem Teixeira e Souza, que mudou-se para o Rio de Janeiro aos treze anos e voltou à terra natal cinco anos depois, tuberculoso. Ele viu o pai e as irmãs morrerem de doenças infectocontagiosas, o que reflete a situação social da época.
Aos 22 anos, Teixeira e Souza estava sozinho no mundo. Um amigo cedeu uma pequena casa em Capivari para que ele se recuperasse da tragédia. Foi nesse período que ele começou a arquitetar o primeiro romance brasileiro, ‘O Filho do Pescador’. O escritor José Correia Baptista acredita que essa obra foi fundamental na trajetória de Teixeira e Souza.
O Sucesso de ‘O Filho do Pescador’
Teixeira e Souza retornou ao Rio de Janeiro em 1840 e arrumou emprego como tipógrafo na gráfica e editora de Paula Brito, um importante mecenas dos pobres. Paula Brito deu emprego a Teixeira e Souza e, posteriormente, a Machado de Assis, que chamou o autor do primeiro romance brasileiro de ‘gênio adormecido’. Trabalhando como tipógrafo, Teixeira e Souza imprimiu e publicou ‘O Filho do Pescador’ em 1843.
O período foi fundamental na trajetória de Teixeira e Souza, que casou-se três anos depois da publicação do romance. Embora tenha renunciado à carreira literária para criar seis filhos, Teixeira e Souza publicou 11 obras ao longo de sua vida. Ele nasceu pobre e morreu pobre, mas deixou um legado importante na literatura brasileira.
Fonte: @ Terra
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