Empresas perdem R$ 1 bilhão por produzir energia que o sistema de transmissão não consegue transmitir, buscando ressarcimento na Justiça, afetando a matriz elétrica brasileira e o setor elétrico.
A energia renovável no Brasil está passando por um momento de grande expansão, especialmente nos setores de energia eólica e solar. Com o apoio de subsídios, essas fontes de energia limpa têm aumentado sua participação na matriz elétrica brasileira de forma exponencial, tornando-se uma opção cada vez mais viável para o futuro do país.
No ano de 2024, a expansão da oferta de eletricidade desses dois segmentos representou 93% do total de 7 gigawatts (GW) do País, por meio de 93 novas centrais fotovoltaicas e 90 eólicas. Isso demonstra a força que essas fontes renováveis estão ganhando no mercado, e como elas estão se tornando uma opção mais potente para a geração de energia no Brasil. Com essa tendência, é provável que a energia renovável continue a crescer e se tornar uma parte ainda mais importante da matriz energética do país. O futuro da energia está renovado.
Desafios na Transmissão de Energia Elétrica
A matriz elétrica brasileira enfrenta um grande desafio: a falta de infraestrutura para transmitir a energia elétrica gerada pelas fontes renováveis, como eólica e solar. Embora essas fontes tenham registrado um crescimento significativo nos últimos anos, o sistema de transmissão de energia não consegue acompanhar a oferta de geração, resultando em prejuízos que somam R$ 1 bilhão. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é obrigado a cortar a geração em determinados momentos para não sobrecarregar o sistema de transmissão, o que afeta as empresas que têm contratos de fornecimento de energia elétrica e são obrigadas a comprar energia no mercado livre a um custo mais alto.
A situação é particularmente crítica para as usinas eólicas, que registraram prejuízos de R$ 700 milhões, enquanto as usinas solares registraram prejuízos de R$ 300 milhões. A falta de infraestrutura de transmissão é um dos principais gargalos do setor elétrico, e especialistas apontam que a contradição entre a oferta de geração de energia e a capacidade de escoamento é um dos principais problemas.
Problemas Superpostos
Existem dois problemas superpostos no setor elétrico. O primeiro é o excesso de oferta de geração de energia conectada ao sistema elétrico por fontes renováveis, que não tem sido acompanhado pelo crescimento da demanda nem pela capacidade de escoamento da energia para os centros consumidores. O segundo problema é geográfico: boa parte da geração eólica e solar é concentrada no Nordeste do País, enquanto o consumo dessa energia se dá, em maior proporção, no Sudeste.
A energia é transportada em longas distâncias por linhas de transmissão, os chamados linhões, e o ONS é obrigado a cortar a geração em determinados momentos, pois o avanço de geração não foi acompanhado pelo aumento de instalação de linhões. Pedro Dante, sócio de energia no escritório Lefosse Advogados, afirma que a situação é complexa e não é de hoje – o problema se agravou nos últimos dois anos.
Regulação e Infraestrutura
Segundo Pedro Dante, a regulação existe, mas não está sendo suficiente para resolver o problema que, no fundo, é falta de linhas de transmissão para escoar a energia do Nordeste para o Sudeste. Os geradores reclamam da imprevisibilidade e da lentidão dos órgãos reguladores em resolver a questão. Uma norma do ONS que entrou em vigor recentemente, que distribui os cortes de geração de forma mais dispersa e em maior número de unidades, foi bem recebida pelos agentes do setor, mas é apenas um passo para resolver o problema. A solução definitiva depende da expansão da infraestrutura de transmissão para acompanhar o crescimento da geração de energia renovável.
Fonte: @ NEO FEED
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