Profissionais de saúde brasileiros redigem textos sobre conceitos médicos. Novo medicamento em estudo para tratar inflamações nas tubas uterinas.
A endometriose é uma condição médica em que o tecido menstrual, conhecido como endométrio, desloca-se para fora do útero, causando inflamação e dor. Esse tecido pode aderir a órgãos como ovários, trompas, bexiga e intestino, formando lesões e afetando a qualidade de vida da mulher.
Mulheres com endometriose podem experimentar sintomas como dores intensas durante a menstruação, cólicas abdominais e dor durante o sexo. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para controlar a progressão da endometriose e melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Descobertas recentes sobre a endometriose
Um dos locais mais comuns onde a endometriose se manifesta, devido à ação da gravidade, é logo abaixo do útero, atingindo o ovário, intestino e bexiga. Essa condição desencadeia uma reação inflamatória que pode variar de leve a grave. Apesar de ser uma das enfermidades mais pesquisadas na atualidade, a causa exata da endometriose ainda é desconhecida. No entanto, acredita-se que haja um comprometimento da imunidade local e influência de fatores genéticos.
A relação entre os fatores genéticos e a imunidade ainda não foi totalmente esclarecida. O que se sabe é que a endometriose afeta cerca de 10% de todas as mulheres em idade fértil ao redor do mundo, o que corresponde a aproximadamente 200 milhões de pessoas. No Brasil, estima-se que cerca de 8 milhões de mulheres sofrem com os sintomas da doença.
Endometriose e suas manifestações
Mulheres que têm sangramentos mais intensos têm uma maior propensão a desenvolver endometriose em comparação com aquelas que menstruam menos abundantemente. No entanto, ainda não está esclarecido por que a doença se apresenta de forma mais severa em algumas mulheres e de maneira mais branda em outras. Os sintomas da endometriose variam desde dores frequentes na região pélvica até dificuldades para conceber.
Existem diversas opções terapêuticas disponíveis para o controle da endometriose, que incluem intervenções cirúrgicas, usualmente realizadas por videolaparoscopia, e medicamentos com ação hormonal. Mesmo com essas alternativas, a busca por novas opções terapêuticas ainda é uma constante na ciência. Uma das novidades é um medicamento inovador, o primeiro tratamento não hormonal e não cirúrgico para a endometriose.
Avanços na pesquisa da endometriose
Um ensaio clínico referente a este novo medicamento foi conduzido na Escócia, liderado pelo renomado médico Andrew Horne, da Universidade de Edimburgo. O estudo teve início em 2023 e tem apresentado resultados promissores.
Durante a pesquisa, foram coletadas amostras de pacientes por meio de laparoscopias diagnósticas, revelando que mulheres com endometriose peritoneal, que afeta a membrana que reveste a cavidade pélvica, apresentam níveis significativamente elevados de uma substância química chamada lactato na pelve.
O lactato é gerado a partir da quebra da glicose no organismo, e sua presença elevada sugere um possível papel no desenvolvimento das lesões de endometriose. Essa função pode ser semelhante ao que o lactato desempenha ao auxiliar na proliferação de células cancerosas.
Novas perspectivas no tratamento da endometriose
Os pesquisadores identificaram o dicloroacetato (DCA) como um medicamento potencial, o qual já foi testado em pacientes com câncer. O DCA também é utilizado para tratar raros distúrbios metabólicos em crianças, nos quais o ácido láctico se acumula no sangue. Pacientes com endometriose tratadas com o DCA relataram redução da dor e melhoria na qualidade de vida.
O próximo passo é conduzir um ensaio clínico em uma amostragem maior, comparando o efeito do DCA com um grupo controle que receberá placebo. Estima-se que um novo medicamento para endometriose possa ser disponibilizado no mercado em um período de cinco a sete anos, embora mais estudos sejam necessários para confirmar sua eficácia. O progresso nas pesquisas traz esperança para o desenvolvimento de tratamentos mais específicos para a endometriose, oferecendo luz no fim do túnel.
Fonte: @ Veja Abril
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