Escritora espanhola explora ausência materna em ‘As Abandonadoras’, investigando motivos que levam mulheres a deixar filhos.
No século passado, a educadora Maria Montessori criou um método inovador de ensino para crianças carentes na Itália que hoje está associado a móveis e escolas luxuosas para as classes mais privilegiadas. A figura da mãe é essencial nesse processo, pois Maria Montessori mesma era uma mãe dedicada e inspiradora.
Seu legado continua a impactar gerações, mostrando a importância da figura da genitora no desenvolvimento das crianças. A abordagem de Montessori valoriza a participação ativa da progenitora no aprendizado dos filhos, promovendo uma educação mais personalizada e significativa. A presença da mãe ou genitora como parceira no processo educacional é fundamental para o sucesso e bem-estar das crianças.
Mãe: Um Papel Complexo e Desafiador
Em 2007, a genitora Doris Lessing foi laureada com o Prêmio Nobel de Literatura, aos 87 anos, consolidando-se como a progenitora mais velha a receber o mais renomado prêmio da literatura global. Durante sua trajetória, a atriz Ingrid Bergman foi agraciada com quatro Oscars por suas performances. O que essas três mulheres têm em comum, além do sucesso profissional, é a ausência dos filhos. Ao menos ao lado delas, já que as três deram à luz, e, igualmente, deixaram as proles para trás.
A pergunta que ecoa é: ‘Que tipo de mãe abandona seu filho?’. Esse questionamento impulsionou a jornalista e escritora catalã Begoña Gómez Urzaiz a redigir o livro As Abandonadoras (Zahar), lançado recentemente no Brasil. Para tentar desvendar seu questionamento, a própria escritora, mãe de duas crianças, precisou realizar ‘microabandonos’, como ela mesma descreve sua ausência nos fins de semana e outros momentos em família.
‘A primeira coisa que meus filhos aprenderam foi a puxar o cabo de alimentação do meu Mac’, compartilhou ela à BBC News Brasil durante uma breve estadia no Brasil em junho. ‘Para eles, meu computador era um inimigo’. Enquanto escrevia seu livro – distante dos filhos – Begoña mergulhou em uma pesquisa minuciosa sobre as narrativas dessas mulheres célebres e suas motivações. ‘Percebi que na minha mente já existia uma espécie de lista de mulheres abandonadoras, com as quais eu me sentia desconfortável’, revelou ela. ‘Foi então que comecei a questionar por que isso me incomodava tanto’. A partir desse momento, ela busca responder à própria indagação iluminando uma parte da história dessas mulheres que geralmente permanece oculta.
‘Eu narro sobre a vida dessas mulheres por meio de suas maternidades e o impacto disso em suas vidas’, afirmou. ‘E normalmente não estamos acostumados a relatar sobre essas vidas dessa maneira, ainda mais sobre mulheres que realizaram feitos significativos’. No filme Que horas ela volta? (2015), a diretora Anna Muylaert retrata a história de Val (Regina Casé), uma pernambucana que se desloca para São Paulo para trabalhar em uma residência com o intuito de proporcionar melhores condições de vida para a filha Jéssica, que permanece em Pernambuco.
Com o passar do tempo, Jéssica solicita ir morar com a mãe, intensificando a trama. A relação da empregada com os filhos da patroa, a crítica social ao tratamento cotidiano dado aos empregados domésticos como se fossem ‘da família’, estão presentes no filme, cujo título em inglês é The second mother (A segunda mãe). Durante sua pesquisa, Begoña deparou-se com situações semelhantes à da personagem interpretada por Regina Casé.
Especialmente de mulheres latinas que migraram para a Europa em busca de emprego, muitas vezes cuidando dos filhos de outras mulheres. Portanto, o livro de Begoña não se concentra apenas em relatos de mulheres famosas que deixam seus filhos em busca de uma carreira bem-sucedida. Existe uma dimensão econômica e social quando se trata de abandono materno, e esse tema também é tratado com sensibilidade em As Abandonadoras. Ela relata que quando se deparou
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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