Conceição Evaristo se emociona ao escrever. Chora, precisa respirar após cena dolorosa. Edifica personagens como filhos, demora em texto.
Na literatura, Conceição Evaristo se entrega de corpo e alma. A literatura é sua paixão, sua vida. Cada palavra escrita é carregada de emoção, de significado profundo. Ela constrói mundos, personagens que ecoam na mente do leitor. A literatura é seu refúgio, seu porto seguro.
Em suas obras, Conceição Evaristo revela a força da escrita. Cada texto é uma jornada, uma experiência única. Ela mergulha nas profundezas da alma humana, explorando temas complexos com sensibilidade e maestria. Sua literatura é um convite à reflexão, um convite a mergulhar nas camadas mais profundas da existência.
Literatura e Processo Criativo
Eu acredito que essa etapa também faz parte da satisfação da criação. Para mim, é gratificante, é extremamente agradável quando você finaliza a escrita de uma obra e sente que aquela obra é uma obra feliz. Mesmo quando estamos abordando temas difíceis’, declara a autora. Conceição é uma das figuras mais estimadas da segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu. No ano anterior, foi a homenageada, ao lado do escritor moçambicano Mia Couto. Durante essa conversa, ela compartilhou com a Agência Brasil sobre seu processo criativo, preço do livro no Brasil, os autores que tem lido e as tendências que ainda planeja criar.
Particularidades da Escrita e Personagens
Agência Brasil: Como é a emoção de participar de uma feira? Conceição Evaristo: Para mim, desmistifica essa ideia, que é bastante comum, de que o brasileiro não aprecia a leitura, que as pessoas não leem. Eu sempre penso que não é proporcionado às pessoas a oportunidade da leitura. Aqueles que têm a chance de ler, de se desenvolver como leitores, gostam de ler, sim. Falta incentivo. E há um aspecto que considero ainda mais sério: livro no Brasil é caro. Por exemplo, este livro aqui está por R$49. Adquiri agora como presente para uma criança. Um texto ilustrado, colorido, tem um custo elevado. Talvez se houvesse mais políticas de publicação, direcionadas para a publicação. Eu acredito que, talvez o que limita a leitura no Brasil, é o fato de que livro sempre foi muito caro.
Reflexões sobre a Literatura e o Afeto nas Obras
Agência Brasil: Na mesa com Itamar Vieira Júnior, a senhora mencionou sobre afeto e que as mulheres negras têm discutido muito sobre afeto. Como o afeto se manifesta em sua literatura? Conceição Evaristo: Ontem, quando Itamar estava falando sobre a construção de suas personagens, que elas ecoam alguma experiência que ele teve, eu também sinto que minhas personagens ecoam alguma experiência. Isso não quer dizer que cada personagem seja eu, mas, ao criar determinadas personagens minhas, é como se eu estivesse realmente construindo um filho. Em um texto meu, começo falando de parentes, para expressar que cada personagem é um parente. E então, quando você se conecta com o personagem vem o afeto. Ao escrever Ponciá Vicêncio, há uma cena, após o marido ter agredido ela várias vezes, já em um estágio de compreensão dela. Ele chega com uma xícara de café e oferece a ela. Quando ele se aproxima, ela se retrai e se encolhe esperando os golpes. Mas então ele coloca a xícara sob o nariz dela, e ao sentir o aroma, ela percebe que é um gesto de afeto que ele está oferecendo. Eu escrevi essa cena chorando. Muitas vezes precisei parar para recuperar o fôlego.
Reflexões sobre a Literatura e a Transformação Pessoal
Agência Brasil: Conceição nunca foi vítima de violência doméstica e acredita que os homens podem mudar. Conceição Evaristo: Nesse romance, Ponciá Vicêncio, há um momento em que o marido de Ponciá se transforma. Há um instante em que ele olha para essa mulher que ele agredia, porque não tinha paciência com ela, devido aos momentos em que ela se perdia, e ele percebe a solidão dessa.
Fonte: © TNH1
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