Saldo do Dia: Bolsa perde 128 mil pontos, atingindo baixa de agosto, devido demora em anúncio de pacote de corte de gastos e decepção com estímulos à economia da China.
A escalada da inflação no Brasil é um lembrete de que o cenário econômico pode mudar rapidamente. A variação nos preços dos produtos básicos pode ser influenciada por eventuais mudanças nas expectativas dos investidores e consumidores.
Por exemplo, a decisão do governo de não seguir em frente com o pacote de estímulos econômicos, como o aumento do crédito, pode ter sido um fator que contribuiu para a alta da inflação. Além disso, a meta de inflação do Banco Central deve ser reverenciada, uma vez que é um indicador importante da saúde econômica do país.
Efeitos da Inflação Sobre o Mercado de Capitais no Brasil
A expectativa de inflação acima das metas estabelecidas pelo Banco Central (BC) impulsionou o Ibovespa a recuar 1,43%, chegando a 127.830 pontos, o menor patamar desde 7 de agosto. Este movimento combinou-se à demora no anúncio do pacote de gastos governamentais, criando um cenário ideal para os investidores buscar refúgio em ativos de segurança. O volume financeiro no Ibovespa alcançou R$ 22,3 bilhões, um dos maiores valores das últimas semanas, excedendo a média diária de R$ 16,5 bilhões.
As decisões monetárias tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, juntamente com a ansiedade em torno do pacote de cortes de despesas no Brasil e dos estímulos na China, contribuíram para a alta volatilidade da semana. Além disso, a inflação oficial, medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou em outubro, subindo 0,56%, bem acima da expectativa de 0,54%. Este resultado coloca o índice de preços acima do teto da meta do Banco Central, que é de 4,5% ao ano.
O especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, Christian Iarussi, destaca que o IPCA acima das expectativas cria um cenário de incerteza em relação à política de juros do Banco Central, aumentando a possibilidade de que o BC mantenha a Selic elevada por um período prolongado, o que pressiona os juros futuros e gera aversão ao risco entre os investidores.
A descrença de que o quadro fiscal seja estabilizado contribuiu para a subida das taxas de juros, com a Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subindo de 13% para 13,06% ao ano. Além disso, os preços em contratos de curto prazo foram influenciados pelas expectativas de investidores para a Selic, enquanto os vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com o calote do governo. O anúncio do estímulo chinês não foi suficiente para aumentar a demanda por commodities, impactando negativamente moedas de países emergentes, como o real.
Com a inflação acima da meta e a falta de clareza sobre o conteúdo do pacote de gastos, o cenário de mercado no Brasil se torna cada vez mais desafiador.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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