Efeitos pontuais benignos devem ser revertidos nas próximas leituras, considerando balanço, riscos, índice de preços e política monetária.
No cenário econômico atual, a inflação continua a ser um desafio significativo para os especialistas. A maioria dos economistas das casas de investimentos mantém o cenário de um balanço de riscos ainda bastante contaminado por pressões inflacionárias, que afetam diretamente os preços dos produtos e serviços.
Embora o IPCA-15 de setembro tenha mostrado um alívio significativo no indicador do preços, a inflação ainda é um fator preocupante. O índice de preços continua a ser monitorado de perto pelos especialistas, que buscam entender as tendências e prever como a inflação pode afetar a economia nos próximos meses. A estabilidade econômica é fundamental para o crescimento sustentável.
Pressões Inflacionárias: Um Desafio para a Economia
A inflação continua a ser um desafio para a economia brasileira, apesar de alguns especialistas terem visto efeitos pontuais benignos no índice de preços. O IPCA-15, que mede a inflação no curto prazo, veio em 0,13% em setembro, abaixo das expectativas dos economistas. No entanto, o economista da SulAmérica Investimentos, Luiz Bianconi, acredita que o balanço de riscos para a inflação segue altista, o que não deve aliviar a pressão sobre o Banco Central (BC) no atual ciclo de altas da Selic.
O que explica esse número baixo são surpresas pontuais, como a queda nos preços de alimentação fora do domicílio e seguro voluntário de veículos, que devolvem a pressão por conta da tragédia no Rio Grande do Sul, e descontos no cinema. No entanto, essas surpresas não devem se repetir, o que significa que a pressão inflacionária pode voltar a aumentar.
Política Monetária e Hiato do Produto
Para fins de política monetária, o dado de setembro traz um alívio de curtíssimo prazo, mas não deve mudar a cabeça do BC, dado que a autoridade monetária parece focar agora na questão do ‘hiato do produto positivo’, elemento apontado pelo BC na última decisão para os juros como ponto de preocupação. O hiato do produto é a diferença percentual entre o Produto Interno Bruto (PIB) observado e o produto potencial, medido pela sua tendência de longo prazo.
Isso costuma ser sinal de que elementos externos estão interferindo na dinâmica do mercado, geralmente refletindo uma política fiscal. Quer dizer, haveria estímulos governamentais puxando a expansão da economia, o que preocupa o mercado tanto da perspectiva do desequilíbrio de gastos quanto por uma distorção da situação econômica.
Riscos e Pressões Inflacionárias
E é por isso que, mesmo com uma inflação mais fraca, os investidores estão pedindo mais prêmio para investir nos contratos de futuros de juros DI com vencimentos mais distantes. Quanto mais longo esse prazo, mais ele reflete o cenário fiscal, quer dizer, a percepção sobre a possibilidade de calote do governo. Neste caso, o risco se concentra justamente na inflação de serviços, embora tenha trazido leituras positivas na margem, ela é bastante correlacionada com o mercado de trabalho, que segue aquecido.
Fernanda Guardado, chefe de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas, também explica que é difícil que esse IPCA-15 mude a tendência da inflação no Brasil em meio a um balanço de riscos negativo à frente, apesar de a leitura ser positiva nesta janela. ‘Parte dessa surpresa se reproduz no número fechado de setembro, mas parte disso deve ser revertido adiante. Assim, é difícil dizer que esse número pode se tornar tendência’, acrescenta Guardado.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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