Analistas de mercado monitoram inflação, serviços e câmbio. Termos: documento, difícil-de-lar, próximos, passos-ajustados, pressão, governo-de-redução.
Ontem, foi divulgado o relatório sobre a inflação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise aponta um aumento nos preços dos alimentos, o que contribui para o cenário de inflação em alta. Os consumidores já sentem no bolso os efeitos desse aumento nos índices de inflação.
Além disso, a expectativa é que o Banco Central anuncie em breve uma nova decisão sobre a taxa de juros. Mesmo com a pressão do governo por uma redução, as projeções apontam para possíveis aumentos na taxa de juros. Os investidores estão atentos a essas movimentações do mercado financeiro em meio ao cenário de inflação em ascensão.
Desafios na Interpretação do Documento do Copom
A dificuldade de compreender a ata do Copom reside na presença de diversas frases irrelevantes. Por exemplo, expressões como ‘o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo’ ou ‘o cenário marcado por projeções mais elevadas e mais riscos para a alta da inflação é desafiador’ tornam a leitura complexa. No entanto, é justo reconhecer que, em comparação com o passado, o documento atual é mais acessível.
Na última ata, foram encontradas afirmações mais diretas. Por exemplo, o documento menciona que há um processo de desinflação a longo prazo, mas a projeção para o horizonte relevante está acima da meta de inflação de 3%. No cenário de referência, a projeção da inflação acumulada em quatro trimestres para o primeiro trimestre de 2026 é de 3,4%, enquanto no cenário alternativo é de 3,2%.
O Banco Central adota um regime de meta contínua, o que implica que a inflação deve convergir para a meta de 3% ao ano a longo prazo. No entanto, as projeções indicam que a inflação estará acima da meta nesse horizonte. As projeções do Copom para os anos-calendário situam-se em 4,2% para 2024 e 3,6% para 2025 no cenário de referência.
A desancoragem das projeções de inflação é uma preocupação compartilhada pelos analistas de mercado. As projeções para a inflação futura estão acima da meta, tanto para períodos móveis de 12 meses à frente quanto para os anos-calendário. Esse cenário desafiador é ilustrado pelas projeções coletadas junto aos analistas de mercado e divulgadas pelo BC.
O Copom também destaca a importância da inflação de serviços, que tem maior inércia, na dinâmica desinflacionária atual. A evolução dos preços nesse setor é crucial para o acompanhamento da inflação. A comparação entre o IPCA e o IPCA Serviços mostra que a variação em 12 meses do último é superior desde janeiro de 2023.
Outro ponto relevante é a análise dos fluxos de capital, que refletem uma aversão global ao risco e pressionam a taxa de câmbio. A valorização do dólar pode impactar significativamente o IPCA. A evolução da cotação do dólar comercial médio em períodos de 12 meses é monitorada de perto, dada sua influência nos preços no Brasil.
Diante dos riscos para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, a ata do Copom destaca a possibilidade de desancoragem das expectativas por um período prolongado. Esses desafios colocam pressão sobre o governo para adotar medidas ajustadas e reduzir a inflação.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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