Corantes químicos de tonalidade vermelha são usados em larga escala na indústria têxtil, farmacêutica e cosmética, vindos de afluentes.
Corantes despejados em rios podem causar danos aos ecossistemas aquáticos, como a cegueira em peixes, conforme apontou uma pesquisa recente. O estudo realizado por especialistas da Universidade de São Paulo (USP), localizada no campus de Ribeirão Preto, revelou que corantes de tonalidade vermelha, provenientes de indústrias, têm impactos negativos significativos na vida aquática.
Além disso, a contaminação por produtos químicos como corantes pode afetar não apenas a visão dos peixes, mas também comprometer a qualidade da água e a biodiversidade do ambiente aquático. É fundamental adotar medidas para controlar o despejo de pigmentos e outros resíduos industriais nos rios, visando preservar a saúde dos ecossistemas aquáticos a longo prazo.
Estudo Científico sobre os Efeitos dos Corantes Químicos nos Peixes
O estudo científico, com colaboração de pesquisadores da Universidade de Lisboa, Portugal, e publicado recentemente no periódico internacional Science Direct, teve como foco analisar o impacto dos corantes químicos nos peixes em fase embrionária. A pesquisa foi conduzida com os peixes em sua fase embrionária para investigar os efeitos dos corantes, especialmente os corantes vermelhos, nas tonalidades e pigmentos dos animais.
A espécie escolhida para o estudo foi o zebrafish, também conhecido como peixe zebra ou paulistinha, devido à sua facilidade de manejo em laboratório, sendo uma das espécies mais utilizadas pela comunidade científica em pesquisas desse tipo. Os pesquisadores selecionaram três tipos diferentes de corantes vermelhos, amplamente empregados na indústria, como o Disperse Red 60 (DR 60), o DR 73 e o DR 78, comumente utilizados em setores como têxtil, farmacêutico, alimentício, cosmético e fotográfico.
Durante os experimentos, os embriões dos peixes foram expostos a concentrações baixas desses corantes vermelhos, simulando a contaminação aquática, a fim de avaliar os possíveis efeitos nas tonalidades e pigmentos da espécie. Os testes realizados revelaram que os corantes químicos causaram malformações congênitas nos embriões, afetando principalmente a estrutura ocular e o desenvolvimento dos peixes.
Os resultados indicaram que o DR 60 provocou redução na área dos olhos e alterações no padrão de nado, levando a problemas de visão e locomoção nos peixes. Já o DR 73 apresentou efeitos mais graves, interferindo no desenvolvimento global dos animais, especialmente na capacidade de nado devido a problemas na bexiga natatória.
No caso do DR 78, os peixes expostos a essa substância tóxica demonstraram redução na velocidade natatória e aumento do estresse oxidativo, evidenciando a ação negativa dos corantes químicos. Os pesquisadores observaram que a cegueira induzida por essas substâncias em peixes é um fenômeno inédito, destacando a importância de estudar os efeitos desses produtos químicos nos organismos aquáticos.
Essa pesquisa pioneira ressalta a necessidade de regulamentações mais rígidas no uso de corantes e pigmentos na indústria, visando proteger a vida aquática e preservar os ecossistemas afluentes. A compreensão dos impactos dos corantes químicos nas espécies aquáticas é fundamental para promover práticas sustentáveis e mitigar os danos causados por essas substâncias nocivas.
Fonte: @ Terra
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