Para Gita Gopinath, vice-diretora-geral do FMI, a formação de dois blocos comerciais isolados entre duas superpotências economicas pode causar prejuízo significativo na produção global, atingindo 7% no pior cenário: ordem bipolar, retrocesso, regras comerciais, 3.000 restrições, alinhados, perdas econômicas, inversão envolvimento global.
A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, as duas principais potências econômicas do mundo, segue rumo a um cenário cada vez mais polarizado, podendo gerar um impacto de até 7% do PIB global, o que equivale a US$ 6,7 trilhões, no cenário mais desfavorável. A advertência foi feita pela vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath, durante sua participação em um evento na Universidade Stanford, nos EUA.
As constantes disputas comerciais entre EUA e China têm levado a um aumento das tensões e incertezas no cenário econômico mundial. A persistência desses conflitos comerciais pode ter repercussões significativas não apenas para as duas potências, mas também para a economia global como um todo, alertou Gopinath. É crucial encontrar soluções diplomáticas para evitar um agravamento ainda maior das relações comerciais entre as duas nações.
Impacto da Guerra Comercial EUA-China nas Relações Comerciais Globais
O Produto Interno Bruto (PIB) global atingiu a marca de US$ 105 trilhões em 2023, conforme estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). A renomada economista americana de ascendência indiana alertou para as tensões em curso entre os EUA e a China, destacando que, embora não tenham escalado para um conflito total, a guerra comercial em andamento desde a pandemia está remodelando os fluxos comerciais e de investimento de maneiras que ecoam os tempos da Guerra Fria.
Gopinath salientou que, após uma série de choques, incluindo a crise da Covid-19, os países estão reavaliando suas parcerias comerciais com base em preocupações econômicas e de segurança nacional. Esse movimento está resultando em um amplo retrocesso nas regras globais de envolvimento, trazendo consigo uma inversão significativa dos benefícios da integração econômica.
Em um cenário mais otimista, sem uma escalada no conflito comercial, o impacto estimado seria de cerca de 0,2% do PIB global, equivalente a aproximadamente US$ 210 bilhões. No entanto, a tendência em direção a um mundo comercial bipolar poderia prejudicar especialmente os países menos desenvolvidos, que poderiam enfrentar perdas de produção econômica quatro vezes maiores do que outras nações se os mercados se dividirem em blocos alinhados com os interesses da China ou dos EUA.
Dados recentes do FMI apontam que mais de 3.000 restrições comerciais foram implementadas em nível global entre 2022 e 2023, representando mais do triplo do registrado em 2019. Gopinath destacou a deterioração das relações comerciais diretas entre as duas potências econômicas, com a participação da China nas importações dos EUA caindo 8 pontos percentuais e a participação dos EUA nas exportações chinesas diminuindo cerca de 4 pontos percentuais no período de 2017 a 2023.
Desde a crise desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o comércio entre os blocos liderados pelos EUA e pela China diminuiu aproximadamente 12%, enquanto o investimento direto estrangeiro registrou uma queda de 20% em comparação com os níveis anteriores. A tendência de fragmentação do mundo em dois blocos comerciais se intensificou após a pandemia.
Gopinath ressaltou que, apesar da dissociação em curso, alguns fluxos comerciais e de investimento estão sendo redirecionados para países terceiros, como o México e o Vietnã. No entanto, as economias emergentes poderiam sofrer impactos desproporcionais caso os EUA e a China consolidem blocos econômicos isolados, tornando mais desafiador e dispendioso para elas encontrarem novos mercados e fornecedores.
Em suma, a economista alertou que, diante de uma possível fragmentação mais acentuada, alguns países correm o risco de obter uma parcela maior de um mercado global consideravelmente reduzido, resultando em perdas generalizadas. Em última análise, a conclusão é clara: em um cenário de guerra comercial entre EUA e China, todos podem sair perdendo.
Fonte: @ NEO FEED
Comentários sobre este artigo