Gangues haitianas sofrem influência política e financeira, com líderes buscando lucro através de extorsão, sequestro, tráfico de armas e impostos criminosos.
As gangues do Haiti evoluíram ao longo dos anos e agora possuem uma estrutura mais organizada, resultando em maior poder de fogo do que a polícia local. Esses grupos são responsáveis por uma série de atividades criminosas, incluindo o tráfico de drogas e outros produtos ilícitos, além de sequestros para cobrar resgate. Recentemente, houve relatos de tiroteios esporádicos na capital, Porto Príncipe, causando temor entre a população.
Os grupos armados que operam no Haiti são conhecidos por sua violência extrema e pela capacidade de desafiar as autoridades locais. Além das atividades ilegais já mencionadas, essas gangues também estão envolvidas em extorsão e outros crimes violentos. A presença desses grupos armados representa um desafio significativo para a segurança pública do país, exigindo uma resposta rápida e eficaz das autoridades.
.
Gangues: um fenômeno persistente no Haiti
Os moradores da cidade buscavam refúgio para escapar da atual onda de violência. De acordo com um relatório da ONG Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional, as gangues são um fenômeno de longa data no Haiti.
Elas estão ligadas a uma tradição de grupos armados não estatais que remonta aos anos 1950, com o desenvolvimento dos ‘tonton macoutes’ do presidente François (Papá Doc) Duvalier. Entre 1957 e 1986, o ditador ‘Papá Doc’ e depois seu filho, Jean-Claude Duvalier, submeteram a população ao controle total dessa milícia pessoal.
A influência política nas ações das gangues
No início dos anos 2000, houve uma nova versão dos ‘tonton macoutes’: as ‘chimeres’, apoiadores armados do então presidente Jean Bertrand Aristide. As ‘chimeres’ semeavam o terror na população. Os especialistas da ONU responsáveis pelo monitoramento das sanções contra os líderes das gangues afirmam em seu último relatório, de setembro de 2023, que hoje ‘a influência dos políticos e dos atores financeiros nas atividades das gangues é de caráter sistêmico’.
Gangues cada vez mais profissionais e poderosas
O documento da ONU estima que no Haiti atuam 200 gangues, grupos organizados que utilizam ‘armas de fogo sofisticadas’ e se dedicam ao ‘tráfico de armas ou drogas, extorsão, sequestro, assassinato, violência sexual e desvio de caminhões’. Aproximadamente 23 gangues atuam na capital e controlam 80% do território. Elas estão agrupadas em duas coalizões principais envolvidas em guerras territoriais.
As táticas e territórios das gangues
A missão de paz da ONU (Minustah), implantada entre 2004 e 2017, obteve alguns sucessos contra as gangues, mas depois elas consolidaram seu poder, tanto em número de armas quanto em calibre. Embora as pistolas e rifles semiautomáticos continuem sendo as armas mais utilizadas, eles também têm metralhadoras leves e balas de ponta oca. Alguns aumentaram suas capacidades táticas, recrutando ex-soldados ou policiais, enquanto outros usam drones para identificar potenciais vítimas de sequestro ou controlar o território.
A extorsão e o tráfico de armas nas atividades das gangues
Segundo a Iniciativa Global, a extorsão é a principal fonte de renda dessas gangues, que exigem dinheiro das empresas em troca de sua proteção e cobram ‘pedágios’ dos veículos que circulam pelas estradas que controlam. Para sair ou entrar em Porto Príncipe, ‘é preciso estar disposto a pagar um imposto criminoso oficial ou arriscar a própria vida’.
As consequências da atuação das gangues no Haiti
O sequestro ‘se tornou uma indústria que gera milhões de dólares por ano’, afirma a ONG. Desde 2021 o país também tem experimentado um aumento no tráfico de armas, provenientes principalmente dos EUA. O Haiti continua sendo, ao mesmo tempo, um território ‘de trânsito de drogas, principalmente cocaína e cannabis’.
Fonte:
Comentários sobre este artigo