Diretor Banco Central: antecipar passos Copom baseado em 1 variável é ‘equívoco’; política monetária menos clara, desordem crescimento acelerado, inflacionário pressão.
O diretor de juros do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19) durante um encontro com empresários em um almoço realizado em Belo Horizonte que é importante considerar diversos fatores ao tentar prever as decisões futuras do BC. ‘É fundamental analisar o cenário de forma abrangente e não se basear somente em uma variável’, ressaltou Galípolo, enfatizando a complexidade das decisões relacionadas aos juros.
Além disso, o diretor destacou a importância de monitorar de perto as taxas de juros e as tendências econômicas para garantir uma atuação prudente do Banco Central. ‘As taxas de juros são um indicador crucial para a condução da política monetária‘, afirmou Galípolo, reforçando a necessidade de uma análise criteriosa do cenário econômico.
Política Monetária e Decisões do Banco Central
Do ponto de vista das variáveis, seria um equívoco tentar antecipar a decisão que o BC vai tomar olhando apenas uma variável. Temos uma série de dados que precisam ser analisados, afirmou o diretor. Galípolo mencionou que o BC vai aguardar e tentar capturar o máximo de dados e estar aberto para a próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom). O diretor do BC observou o câmbio e uma série de outras variáveis, incluindo outras variáveis menos óbvias, como um desemprego em níveis bastante baixos, crescimento da renda que vem batendo recordes, mercado de trabalho que vem se mostrando apertado e o PIB sendo revisado sistematicamente para cima.
Impacto nos Ativos Financeiros e Juros Futuros
A reação nos ativos foi notável diante de um alívio expressivo no mercado de câmbio, com o dólar testando o nível de R$ 5,40 hoje. Os juros futuros tiveram uma nova rodada de retirada de prêmio de risco, que se espalhou por toda a curva a termo. O processo foi mais intenso nos vértices intermediários e longos, à medida que novas declarações hawkish de Galípolo reforçaram a percepção de uma disposição a elevar a Selic, se necessário. Isso fortaleceu a retirada de prêmios da curva, diante de um menor temor de leniência com a inflação à frente.
Por volta de 13h25, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caía de 10,84% no ajuste anterior para 10,815%; a do DI para janeiro de 2026 recuava de 11,655% para 11,565%; a do contrato para janeiro de 2027 cedia de 11,565% para 11,425%; e a do DI para janeiro de 2029 passava de 11,51% para 11,395%. O alívio relevante no câmbio doméstico puxou para baixo as taxas futuras de juros desde o início da sessão e se intensificou.
Além disso, o aumento nas apostas em uma retomada do aperto monetário a partir de setembro, com cada vez mais adeptos, tem ajudado a reduzir, ainda que aos poucos, as expectativas de inflação. No Focus, a mediana das projeções para o IPCA de 2025 passou de 3,97% para 3,91%, em um contexto que abarca, ainda, a alta das expectativas para a Selic no fim do próximo ano, de 9,75% para 10%. A valorização do real e as expectativas de inflação em leve queda ajudam a derrubar as taxas futuras no ‘miolo’ da curva, em um processo que se estende para a ponta longa.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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