Joênia Wapichana fala sobre território Yanomami na Câmara dos Deputados: garimpo ilegal, ações de retirada e ajuda humanitária em meio à crise.
A líder da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, reiterou a importância de manter as ações no território indígena dos Yanomami para proteger a comunidade e combater a presença persistente de garimpo ilegal na região. O aumento do garimpo e invasões nas terras yanomami nos últimos anos tem agravado a situação do povo indígena, exigindo medidas urgentes para preservar a sua cultura e modo de vida.
Além disso, Joênia destacou a necessidade de implementar atividades eficazes para garantir a segurança e o bem-estar dos Yanomami, incluindo intervenções para coibir práticas ilegais que ameaçam a sua sobrevivência. As ações em curso visam assegurar a integridade territorial e cultural desse povo, promovendo a conscientização sobre a importância de preservar a riqueza e diversidade das comunidades indígenas.
Ações e Intervenções para a Crise Humanitária na Terra Yanomami
No início de janeiro do ano passado, a crise humanitária que assolava os cerca de 27 mil indígenas na região da Terra Yanomami provocou uma comoção em todo o país. A situação chegou a um ponto crítico, com relatos de crianças e idosos sofrendo com a fome e doenças que poderiam ter sido evitadas. Joênia, defensora dos direitos indígenas, ressaltou a importância de manter as ações em andamento e de avançar ainda mais nas medidas de apoio.
É fundamental destacar a necessidade urgente de intervenções para a retirada do garimpo ilegal e para combater o comércio de ouro ilegal na área. Além disso, é crucial fornecer condições adequadas para que os servidores possam desempenhar seu trabalho com segurança. A falta de estruturas físicas adequadas, que foram negligenciadas ao longo dos anos, representa um obstáculo significativo para a efetivação das medidas necessárias.
De acordo com informações do Ministério dos Povos Indígenas, somente em 2022, 99 crianças Yanomami com menos de 5 anos perderam a vida, em sua maioria devido à desnutrição, pneumonia e diarreia. A Terra Yanomami abrange mais de 9 milhões de hectares nos estados de Roraima e Amazonas, sendo a maior reserva indígena do Brasil.
Em janeiro de 2023, o governo decretou estado de emergência de saúde pública na região, enquanto a Polícia Federal iniciou uma investigação sobre possíveis crimes, como genocídio e omissão de socorro, contra os Yanomami. Um ano após a declaração de emergência, a situação continuava crítica, com problemas de saúde persistentes e a presença contínua do garimpo, conforme relatado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Diante desse cenário alarmante, o governo federal estabeleceu, em janeiro deste ano, uma estrutura permanente na Casa Civil da Presidência para coordenar as ações e serviços destinados aos indígenas Yanomami. Para o ano de 2024, está previsto um orçamento de R$ 1,2 bilhão para financiar essas iniciativas.
A criação do comitê de coordenação nacional, liderado pela Casa Civil, marcou o início de um plano abrangente de ações estratégicas integradas. A Funai e outros órgãos do governo federal estão unindo esforços para lidar com a emergência humanitária em curso. Joênia enfatizou a importância de dar continuidade às ações diárias realizadas pela Funai e ressaltou a necessidade de um esforço coletivo para resgatar a dignidade e a segurança dos Yanomami.
Joênia participou recentemente de uma reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados, criada para monitorar a crise humanitária enfrentada pelos Yanomami. A Comissão, estabelecida este ano, recebeu críticas de grupos indígenas por sua composição inicial, considerada desfavorável aos interesses dos povos indígenas. No final de maio, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, alterou a composição do colegiado para incluir a parlamentar indígena Célia Xakriabá, buscando garantir uma representação mais diversificada e inclusiva.
Fonte: @ Agencia Brasil
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