Artista usa chamativa jaqueta preta longa, mangas alongadas, cintos, lateral verde, silenciosamente protesta: vestuário completo de médico, costura, fivelas, modelos, presos, correias, longo e tem terminos: branco, conjunto, cintos pretos.
A cantora Rosalía, vencedora do Grammy Latino por 12 vezes, foi vista pelas ruas de Nova York usando um visual que certamente fez muitos se questionarem. A estrela pop espanhola combinava um elegante vestido de renda branca com um par de botas Rick Owens Cantilever sem salto, porém a peça principal chamava toda atenção: uma camisa de força de lona creme com diversas fivelas e cintos pretos. Seria mais uma peça de moda ousada ou uma referência a um estilo vintage?
A mistura inusitada de elegância e rebeldia foi evidente na escolha de Rosalía de destacar o visual com uma camisa de força, adicionando uma estreitação peculiar a seu look. Mesmo em meio à restrição simbólica que a peça podia representar, a cantora continuou demonstrando sua personalidade única. Afinal, quem disse que moda não pode ser um jogo de colete de novas possibilidades?
Explorando a Estética das Camisas de Força na Moda
Desde o lançamento de seu terceiro álbum, ‘Motomami’, Rosalía demonstrou uma variedade de looks, indo desde óculos escuros estilo motociclista até capacetes Harley Davidson. No entanto, uma inspeção mais detalhada revelou um toque surpreendentemente médico em seu vestuário. As mangas alongadas finalizadas com fivelas forçando-a a romper uma costura lateral, lembravam a restrição de um colete. O casaco sentido pela cantora evocava a mesma sensação apertada de uma camisa de força.
A História das Camisas de Força e Suas Conotações
As camisas de força têm uma longa história, datando do século 18, quando eram usadas como restrições em hospitais e asilos. Criadas com o objetivo de proteger os pacientes de possíveis danos, muitos questionaram a humanidade por trás desse tipo de estreitamento físico. O movimento antipsiquiatria da década de 1960 contestou práticas como coletes de contenção, terapias eletroconvulsivas e a própria definição de doença mental pela medicina tradicional.
Em 1994, o Gabinete de Saúde Mental de Nova York propôs a descontinuação das camisas de força, após casos de morte durante o uso entre 1988 e 1992. Embora atualmente raramente sejam empregadas em ambientes médicos modernos, a imagem de um colete de segurança continua sendo um símbolo poderoso de um passado de asilos e abusos.
A Recontextualização da Camisa de Força na Moda
A tentativa de reimaginar a camisa de força como uma peça de moda não é nova. Em 2019, a Gucci apresentou uma série de macacões inspirados nessa peça icônica durante a Semana de Moda de Milão. Os modelos desfilaram em um ambiente branco, presos em uma correia transportadora verde, evocando uma atmosfera de restrição. As fivelas e tiras brancas complementavam o aspecto de contenção.
Uma modelo, Ayesha Tan-Jones, usou esse momento para protestar silenciosamente, conscientizando sobre a seriedade da saúde mental. Este gesto delicado ecoou uma mensagem forte sobre a representação da camisa de força na moda. A discussão continuou nas redes sociais, com diversos modelos expressando suas opiniões sobre a representação dessa peça tão carregada de simbolismo.
O Futuro das Camisas de Força na Moda e na Sociedade
A presença das camisas de força no mundo da moda levanta questões sobre a ética e a responsabilidade das marcas ao abordar temas delicados como a saúde mental. Ativistas e artistas têm utilizado essa discussão para promover uma reflexão mais profunda sobre o significado por trás dessas peças restritivas.
É fundamental que, enquanto exploramos novas estéticas e abordagens na moda, não esqueçamos a história e o impacto que certos elementos do vestuário podem ter. A camisa de força, outrora utilizada como instrumento de controle e contenção, agora se torna um símbolo de resistência e conscientização. Como aludido pela postura de Ayesha Tan-Jones, a moda pode ser uma poderosa plataforma para expressar mensagens importantes e provocar diálogos significativos dentro da sociedade.
Fonte: @ CNN Brasil
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