Crianças proibidas de ir a festas católicas. Em escolas progressistas, amplia-se o recorte para incluir outras culturas nas comemorações.
Por que as festas juninas das escolas estão recebendo outros nomes nos últimos anos, como ‘festa da colheita’ e ‘festa da tradição’? E por qual motivo alguns colégios até desistiram de juntar as crianças para dançar quadrilha e brincar de pescaria?
As festividades juninas são tradições muito queridas no Brasil, especialmente no mês de junho. É comum vermos as escolas se preparando para as comemorações juninas, com decorações temáticas, comidas típicas e muita animação. É importante manter viva a essência das festas juninas para que as gerações futuras possam desfrutar dessa rica cultura.
Festa Junina: Tradição e Comemoração
São duas razões principais para a celebração das festas juninas. Em tese, a cerimônia homenageia santos católicos como São João, Santo Antônio e São Pedro, que são figuras centrais nos festejos juninos. No entanto, com o crescimento das religiões neopentecostais no Brasil, surgem questionamentos sobre a participação de crianças nessas festividades tradicionais. O número de alunos que não são liberados pelos pais para participar das festas tende a aumentar, levando as escolas a repensarem suas abordagens.
A professora Rebeca Café compartilhou sua experiência de infância, onde, por conta da religião evangélica de seus pais, ela e alguns colegas ficavam de fora das festas juninas. Essa situação levanta questões sobre inclusão e diversidade nas escolas, levando à necessidade de adaptações para garantir que todos se sintam parte da comemoração.
Em contrapartida, algumas escolas mais progressistas têm buscado maneiras de tornar as festas juninas mais inclusivas, celebrando não apenas as tradições católicas, mas também outras crenças e culturas presentes no país. Essa abordagem visa enriquecer a experiência dos alunos, promovendo a valorização da diversidade cultural brasileira.
Para Amailton Azevedo, professor de história, abandonar a festa junina é visto como um equívoco do ponto de vista histórico e pedagógico. Ele ressalta a importância dessa tradição secular da cultura brasileira, enriquecida ao longo dos séculos com influências afro-indígenas. A preservação das festas juninas é vista como essencial para manter viva essa herança cultural.
Por outro lado, a antropóloga Denise Pimenta destaca a necessidade de adaptação às mudanças sociais e religiosas. Ela aponta para a ascensão de um estado evangélico e a possível transformação das festas juninas em celebrações mais abrangentes, que reflitam a diversidade cultural do país. Essas mudanças, segundo ela, são parte do processo de evolução das tradições, garantindo sua continuidade e relevância no contexto contemporâneo.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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