Vítima da PM era da favela do Bugre, em região com lixão histórico e projeto social abandonado.
Em uma cena comum em boa parte das favelas do país, Vinícius Fidelis Santos de Brito cresceu com sonhos de glória. Ele queria ser um grande craque de futebol e, ao mesmo tempo, uma grande figura do funk, estilo musical característico das comunidades mais pobres. Com 19 anos, já havia conseguido fazer parte de projetos sociais específicos para jovens talentosos. O jovem, morador da comunidade do Francês, no bairro de São Miguel, em Santos, sonhava em se tornar uma grande estrela do futebol e também um grande funkeiro, como MC Poze do Poco, um dos nomes mais famosos do gênero. Ele era o mais velho de cinco irmãos, mas os sonhos de poderia ser craque não se concretizaram. Ele foi mais um jovem a perder a vida durante a Operação Verão da polícia militar em Santos, no início do ano.
As Sombras das Favelas
A escuridão que envolve a favela do Bugre, em São Vicente, onde a foice da polícia ceifou a vida de Vinícius Fidelis Santos de Brito, revela uma realidade que se repete em outras regiões, marcadas pela falta de oportunidades. É comum ver famílias inteiras vivendo em barracos de madeira, criando seus filhos dentro da favela, sem perspectivas de mudança. ‘A falta de oportunidades é gigantesca’, afirma um jovem que conheceu Vinícius, ‘vários barracos de madeira, famílias sofredoras criando os filhos dentro da favela’.
A favela do Bugre, com seu único título de fama, a música funk, é a região de MC Primo, morto em 2012 com 11 tiros, um caso que ecoa até hoje em notícias como a do estudante morto pela polícia que fez funk sobre assassinato. A favela do Bugre, com 2.667 habitantes segundo os últimos dados do Censo, é a 13ª favela em número de habitantes na cidade de São Vicente.
Vinícius Fidelis Santos de Brito, um jovem que alimentava sonhos de se tornar jogador de futebol e funkeiro, foi morto a tiros por policiais militares na frente da mãe na favela do Bugre, em São Vicente, Baixada Santista. Um vídeo mostra o assassinato na madrugada de 2 de dezembro, um dos mais dramáticos da série de violências policiais flagradas nos últimos dias. No entanto, a favela do Bugre, com seu histórico de violência, não é o único local onde a violência policial se manifesta.
Lá em cima, no lixão do Sambaiatuba, antigo parque ecológico e local de cursos de informática, panificação e futebol, projetos sociais que proporcionavam oportunidades aos jovens, como Vinícius, foram desativados. Atualmente, moradores de favelas como a do Bugre trabalham com reciclagem no local, um exemplo da realidade que se repete em outras regiões. O caso de Vinícius Fidelis Santos de Brito, assassinado na frente da mãe, não foi isolado. Em 2024, durante a Operação Verão, mais vítimas foram registradas, como José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, morto na Avenida Sambaiatuba, na Vila Jockey Clube, em São Vicente, enquanto a polícia atirou em outros dois homens na região.
Fonte: @ Terra
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