A maioria não tem reservas financeiras para a aposentadoria. Por quê? Recursos vindos do INSS, planos de previdência e alugueis.
O destaque sobre a aposentadoria na mais recente pesquisa, a 8ª edição, do Raio-X do Investidor, realizada pela Anbima, revela que apenas 25% dos trabalhadores em atividade possuem economias destinadas à aposentadoria.
No entanto, a preocupação em se aposentar com tranquilidade é latente, visto que cada vez mais brasileiros estão buscando informações sobre aposentadoria. É fundamental que haja um planejamento financeiro adequado para garantir o bem-estar dos aposentados no futuro.
Aposentadoria: Planejamento e Realidade Financeira
Deste grupo, 58% admitem que ainda não começaram a poupar para a aposentadoria e os outros 23% sequer têm a intenção de fazê-lo. Quando questionados sobre como financiarão seus gastos, 50% contam principalmente com os recursos vindos do INSS para cobri-los, 17% esperam continuar trabalhando e ganhando salário e outros 17% contam com reservas financeiras, planos de previdência, aluguéis e outras formas de poupança feitas ao longo da vida para arcar com a maior parte dos gastos. Os demais não sabem ou esperam que os filhos os ajudem na terceira idade.
Considerando o padrão de pagamento de benefícios do INSS, é cruel o recorte entre expectativa e realidade. Enquanto 59% dos ativos no mercado de trabalho esperam ter o INSS como principal fonte de rendimentos na aposentadoria, a realidade é que ela cumpre este papel para 93% dos aposentados. Aqui um gap de 34% entre expectativa e realidade. Vale ressaltar que independente de classe social, os percentuais variam de 92% a 94% para as classes A/B e D/E, respectivamente. Os números estão em linha com a edição anterior e guardam relação com os do mercado americano.
Por lá, segundo reportagem da Forbes, baseada em dados da National Institute On Retirement Security, a média de recursos poupados para a aposentadoria entre pessoas da Geração X (entre 1965 e 1980) é de US$ 243 mil, mas a mediana é de US$ 40 mil. Mais um traço da concentração de renda que vem se acentuando pelo mundo. O gap entre realidade e expectativa também é grande entre os americanos, pesquisa feita pela empresa Northwestern Mutual identificou que o número mágico que ronda na cabeça da geração X é algo perto de US$ 1,5 milhão. Quase seis vezes a média de recurso poupados e uma enormidade em relação a mediana.
Embora os números impressionem e preocupem, principalmente para pessoas como eu, da geração X, não se pode alegar que são novos. Muitos de nós temos certa consciência deles e temos acompanhado, com certa aflição, como eles vêm piorando conforme aumentam os custos com planos de saúde e tratamentos médicos. A verdade é que estamos naquela situação da pessoa que vê um incêndio distante e prefere acreditar que apesar dos ventos ele não chegará até ela. Algo tão distante que de alguma forma irá se dissipar, ou será resolvido antes que chegue até ela. Mas o fogaréu vai se aproximando, então vamos entrando em negação e, ‘de repente’, ele chegou.
Guardar dinheiro para o futuro, ainda mais quando ele está tão distante, é muito difícil para nós. Assim como dietas e atividade física, são decisões seguidas de renúncia e sacrifício sem nenhuma recompensa imediata ou rápida. No caso da aposentadoria são anos abrindo mão de restaurantes, carros, passeios, viagens, etc., para um dia, ‘sabe-se lá quando’, poder usufruir o produto de tanta abnegação.
Em um experimento realizado por Uri Gneezy e John List com estudantes do ensino público americano, eles identificaram uma resposta positiva para recompensas de curto prazo. Resumindo a história, foram oferecidos incentivos financeiros para que os estudantes economizassem dinheiro para a aposentadoria. Os resultados foram surpreendentes, pois os alunos se mostraram mais propensos a poupar quando havia uma recompensa imediata envolvida. Isso levanta questões interessantes sobre como podemos incentivar as pessoas a pensar e planejar melhor sua aposentadoria, considerando a dificuldade inerente de abrir mão de confortos presentes em troca de uma segurança futura.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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