Na reunião do Dicol da Anvisa, cigarros eletrônicos continuaram proibidos para proteger a redução do tabagismo, um exemplo importante.
Via @jornaloglobo | A Diretoria Colegiada (Dicol) da Anvisa decidiu, de forma unânime, manter a proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil durante a reunião realizada nesta sexta-feira.
Essa decisão reforça a postura rígida do país em relação aos dispositivos eletrônicos para fumar. A medida visa proteger a saúde pública e evitar possíveis danos associados ao uso de vapes. É uma ação importante para desencorajar o uso de produtos que possam representar riscos à saúde dos indivíduos.
Impacto positivo da proibição de cigarros eletrônicos
Especialistas ouvidos pelo GLOBO elogiaram a decisão de proibir os cigarros eletrônicos, apontando o potencial dos aparelhos em tornar dependentes indivíduos que não faziam uso do cigarro convencional, especialmente os mais jovens, e reverter o significativo avanço do Brasil na redução do tabagismo.
Reação positiva da sociedade em relação à proibição dos vapes
— Eu recebo com júbilo como médica, como membro da sociedade civil, em todos os sentidos.O Brasil dá um exemplo de proteção da vida humana para o resto do mundo. Mesmo os países que liberaram os dispositivos estão tendendo a voltar atrás. Essa norma é motivo de muita satisfação.Recebo com muito alívio, mas tinha muita confiança na qualidade das manifestações que nossa agência regulatória tem mantido nos últimos anos — diz a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo.
Repercussão positiva na saúde pública
O vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Cláudio Maierovitch, ex-presidente da Anvisa entre 2003 e 2005 e médico sanitarista da Fiocruz, também elogia a decisão e cita um alinhamento com as medidas brasileiras que levaram o país a ser um exemplo no combate ao cigarro tradicional.
— É uma decisão importante.Desde que vem reavaliando esse tema, a Anvisa vem conduzindo de maneira exemplar, coerente com toda a participação que o Brasil teve na Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, da OMS. O Brasil é sempre lembrado como um dos países que mais conseguiu avançar no controle do tabagismo.Todas nossas estatísticas de tabaco vinham melhorando desde então, até o surgimento do cigarro eletrônico — avalia.
Impacto da legislação de proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar
Há 35 anos, em 1989, 34,8% da população adulta era fumante no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) da época. Esse percentual caiu ano a ano com medidas como aumento de impostos e proibição da publicidade até chegar a abaixo de 10%, em 2018.
Equilíbrio na regulação do uso de cigarros eletrônicos
Desde então, tem se mantido entre 9% e 10% – em 2023, segundo o levantamento Vigitel, do Ministério da Saúde, 9,3% dos brasileiros com mais 18 anos fumavam.O país foi o primeiro, junto à Turquia, a chegar ao estágio mais alto de adesão às políticas antitabagistas da OMS. De acordo com o último relatório sobre o tema, do ano passado, são apenas quatro os países que alcançaram o feito.
Riscos dos cigarros eletrônicos para a saúde pública
No entanto, com os vapes é observada uma tendência contrária: segundo o Ipec, 2,9 milhões de adultos utilizavam os aparelhos em 2023 (1,8% da população), enquanto quatro anos antes eram menos de 500 mil (0,3%).
Posicionamento da ACT sobre a proibição dos dispositivos de fumar eletrônicos
— Apoiamos a decisão da Anvisa, está alinhada com as evidências científicas disponíveis.Os produtos são nocivos à saúde e estão sendo muito consumidos por jovens, e a maior parte por indivíduos que não eram fumantes anteriormente.E já temos muitas evidências sobre danos pulmonares e cardiovasculares ligados a esses aparelhos, que estão se manifestando de forma até mais rápida do que com o cigarro convencional — afirma a diretora-geral da ACT (Aliança de Controle do Tabagismo) Promoção da Saúde, Mônica Andreis.
Fonte: © Direto News
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