Legislação para proteger meninas marginalizadas em risco de engravidar por estupro deve garantir direitos fundamentais, não enrijecer penas ou retroceder.
O percurso legal para lidar com a questão do aborto em casos de estupro não deve ser o aumento das punições, tampouco a diminuição das garantias e da proteção aos direitos fundamentais das meninas e das mulheres do Brasil.
É essencial garantir o acesso seguro e digno à interrupção voluntária da gravidez, assegurando que o procedimento abortivo seja realizado de forma humanizada e respeitosa, respeitando a decisão da mulher em relação à interrupção da gestação. legislativo
Debate sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez: Desafios Legislativos e Sociais
Um Projeto de Lei que visa endurecer as penalidades para o aborto após 22 semanas de gestação está em tramitação na Câmara dos Deputados, gerando intensos debates entre parlamentares e a sociedade. A manifestação conjunta de 45 entidades civis expressou forte oposição ao PL 1.904/2024, classificando-o como perverso e preocupante.
O legislativo, ao enfrentar essa questão delicada, deve considerar o impacto direto sobre as meninas marginalizadas, que enfrentam maiores riscos de engravidar em situações vulneráveis. A criminalização do aborto, conforme apontado, não impediu sua ocorrência ao longo dos anos, levantando questionamentos sobre a eficácia de medidas mais severas.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, sinalizou que a análise do projeto ocorrerá no segundo semestre, garantindo um espaço para um debate amplo e aprofundado sobre o tema. A proteção dos direitos fundamentais das mulheres brasileiras, incluindo o direito à interrupção da gestação em certas circunstâncias, deve ser uma prioridade nesse contexto.
O manifesto ressalta a importância de se considerar as diversas camadas de discussões que envolvem a questão do aborto, desde aspectos socioeconômicos até as liberdades individuais e a saúde pública. É fundamental encontrar um equilíbrio que respeite a diversidade de opiniões e experiências, sem retroceder nas garantias já conquistadas.
Diante desse cenário complexo, é essencial que o debate seja conduzido de maneira sensível e respeitosa, buscando soluções que promovam o bem-estar e a dignidade de todas as pessoas envolvidas. A reflexão sobre o papel do Estado na garantia dos direitos reprodutivos e na proteção das mulheres é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Fonte: © Conjur
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