Estudo identifica 75% das empresas listadas da B3 com rentabilidade inferior a 10% ao ano, piorando com alta despesa financeira e política monetária.
Com essa decisão, o Banco Central busca combater a inflação e garantir uma rentabilidade adequada para os investimentos. A medida visa impulsionar a economia e, ao mesmo tempo, manter a estabilidade financeira.
A rentabilidade dos investimentos é um fator crítico para o crescimento econômico, pois atrai o dinheiro de possíveis investidores. Com a taxa Selic elevada, o Banco Central espera reduzir a pressão inflacionária e, em seguida, diminuir a taxa para estimular a economia. Além disso, a taxa Selic influencia a taxa de juros que as instituições financeiras cobram em empréstimos.
Tendências de rentabilidade nas empresas listadas na B3
As companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) estão enfrentando um desafio significativo em termos de rentabilidade, especialmente considerando o ambiente de juros elevados que prevalece no país. Segundo um estudo da Málaga Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária, a rentabilidade média dessas empresas é de apenas 7,76% ao ano, com 45 companhias apresentando perda.
A alta despesa com juros é um dos principais fatores que contribui para essa situação, pois as empresas estão encontrando dificuldade em rentabilizar o capital em magnitude suficiente para cobrir o custo do dinheiro. Isso, por sua vez, afeta a capacidade dessas empresas de atrair investimentos, pagar dívidas e expandir suas operações.
A Málaga Assessoria realizou um estudo com 261 empresas listadas na B3, no período de 12 meses até 30 de setembro, e calculou a rentabilidade dessas companhias. O resultado mostrou que 75% das empresas apresentam rentabilidade inferior a 10% ao ano. Além disso, a maioria das empresas analisadas enfrenta um ambiente concorrencial estrutural que limita sua capacidade de aumentar sua rentabilidade.
De acordo com Flávio Málaga, sócio fundador da Málaga Assessoria, o Brasil está desestimulando os investimentos corporativos, a iniciativa, o empreendedorismo, a pesquisa e o desenvolvimento, por conta do ambiente de juros elevados. A elevada despesa com juros é apenas uma parte da equação da rentabilidade, mas representa um aspecto importante da equação, considerando o peso que tem sobre as despesas financeiras das companhias.
Ainda segundo Málaga, existe uma ‘trava concorrencial estrutural’ para as empresas aumentarem sua rentabilidade, o que é natural, considerando que muitas companhias enfrentam mercados concorridos, o que naturalmente acaba limitando os ganhos. ‘Muitas empresas enfrentam um ambiente concorrencial que impede de auferir grandes rentabilidades, muitas têm teto para aquilo que podem render’, afirma ele.
No entanto, há exceções, como a WEG, uma das principais empresas do setor de engenharia elétrica no Brasil e no mundo, que consegue entregar uma rentabilidade de 30% ao ano, o melhor resultado entre as empresas do estudo. A Ambev e a Vale também estão entre as empresas que conseguem manter uma rentabilidade superior à média.
Para ser uma empresa com uma rentabilidade ótima, a companhia precisa ter uma rentabilidade de 20% ao ano, estaria entre as top 20 ou top 30 do Brasil, diz Málaga. O cenário atual é particularmente desafiador para as empresas de varejo, em que a diferenciação é mais difícil, as rentabilidades são estruturalmente menores e as companhias dependem de dívida para girar estoques e recebíveis.
Das empresas analisadas, 25 delas atuam no segmento de varejo, de RD Saúde e Track&Field, que conseguem apresentar bons índices de rentabilidade. No entanto, a situação é mais desafiadora para as empresas que dependem de dívida para operar, como ocorre em muitos casos.
Fonte: @ NEO FEED
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