Chuvas afetaram 600 mil MPEs no RS; histórias de empreendedores em reconstrução após efeitos a longo prazo.
As intensas precipitações que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo do mês de maio impactaram significativamente os pequenos e médios negócios da região. Mesmo com as incertezas sobre os efeitos a longo prazo, dados do governo estadual e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indicam que mais da metade das micro e pequenas empresas (MPEs) do Rio Grande do Sul sofreram com a paralisação ou redução de suas atividades devido às inundações. Os prejuízos, de acordo com as estimativas, ultrapassam os R$ 50 mil por negócio afetado.
Além disso, conforme relatório do Sebrae RS, o desastre climático impactou diretamente cerca de 600 mil pequenos empreendimentos no estado. A recuperação dessas companhias exigirá esforços conjuntos do setor público e privado para minimizar os danos e promover a retomada das atividades econômicas afetadas. É fundamental que medidas de apoio e incentivo sejam implementadas com agilidade para garantir a sustentabilidade desses negócios e a preservação dos empregos gerados por eles.
Impacto das Enchentes nos Negócios em Porto Alegre
Apenas em Porto Alegre, cerca de 46 mil MPEs enfrentaram dificuldades durante os períodos mais críticos das enchentes. A Azape, uma empresa gaúcha de tecnologia estabelecida em 2019, foi uma das afetadas. Embora não tenha sido diretamente afetada pelas águas, o pequeno empreendimento liderado pela empreendedora Patrícia Almeida viu suas operações econômicas diminuírem devido ao impacto das chuvas em sua base de clientes, composta principalmente por empresas gaúchas.
Repercussões nas Empresas Locais
‘Nós e nossas famílias estamos seguros, mas temos clientes que dependem de terceiros, como fornecedores, para manter suas atividades economicamente. Tem sido uma reação em cadeia para todo o estado’, relata a sócia fundadora da Azape. Com a situação de calamidade, muitos clientes não apenas tiveram que fechar temporariamente, mas também interromperam projetos de transformação digital e investimentos em tecnologia, afetando diretamente a companhia.
Desafios e Oportunidades para as Empresas MPEs
A razão para isso reside no cerne dos negócios da Azape: o desenvolvimento de software personalizado para empresas que buscam digitalizar processos. Apesar de possuir outras duas áreas de atuação (uma para automação de processos e consultoria em transformação digital e outra focada em soluções de pagamento), o serviço de software é o carro-chefe da empresa, atendendo a uma clientela composta por empresas gaúchas dos setores varejista e de postos de combustíveis, como as redes Frio e Buffon.
Resiliência e Recuperação das Empresas do Estado
‘Estávamos em um ritmo promissor, com muitos planos de crescimento no horizonte, mas as chuvas tiveram um impacto significativo nos negócios da empresa, levando nossos clientes a priorizarem investimentos no negócio principal e adiarem projetos de inovação’, revela Patrícia. Para auxiliar as empresas locais a enfrentarem as consequências da calamidade a longo prazo, várias iniciativas de apoio financeiro foram implementadas.
Apoio Financeiro e Iniciativas de Recuperação
Incentivos fiscais e financiamentos emergenciais foram disponibilizados por entidades como o BNDES, que lançou uma linha de crédito de R$ 15 bilhões para empresários e produtores rurais do estado. Iniciativas privadas lideradas por hubs de empreendedorismo, como o Instituto Caldeira, que abriga 120 empresas (incluindo a Azape), também têm desempenhado um papel crucial. Patrícia buscou ajuda no crédito emergencial e, em parceria com o Estímulo, um fundo de impacto social, aderiu a uma linha de crédito com condições especiais para empreendedores em processo de recuperação.
A aproximação com o Estímulo ocorreu após uma palestra do fundo para os empreendedores associados ao Instituto.
Fonte: © CNN Brasil
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