Com spreads comprimidos, emissões de dívidas podem superar R$ 500 bilhões no Brasil e US$ 25 bilhões no exterior, impulsionadas pela alta demanda no mercado de capitais, especialmente em títulos de dívida de renda fixa, que atraem fluxo de recursos no mercado de dívida.
A Raízen, uma joint venture da Cosan com a Shell, realizou uma operação financeira significativa na semana passada, anunciando o fechamento de sua segunda captação relevante em 2024. Essa ação foi marcada pela emissão de green bonds, um tipo de título que visa financiar projetos sustentáveis e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Com essa emissão, a Raízen levantou US$ 1 bilhão, um valor expressivo que demonstra o compromisso da empresa com a sustentabilidade. É importante lembrar que essa não é a primeira vez que a Raízen realiza uma operação desse tipo, tendo emitido US$ 1,5 bilhão do mesmo tipo de título em fevereiro. Essas operações financeiras são fundamentais para o desenvolvimento de projetos que visam reduzir as emissões e promover a transição para uma economia mais limpa. Além disso, a empresa também tem realizado lançamentos de produtos e serviços inovadores que contribuem para a redução do impacto ambiental. Com essas ações, a Raízen se consolida como uma líder no mercado em termos de sustentabilidade e responsabilidade ambiental. A inovação é fundamental para o futuro do planeta.
Retorno ao Mercado de Dívida
A decisão da companhia de retornar ao mercado de dívida em um curto espaço de tempo é um sinal forte sobre a temperatura atual dos mercados de dívida. Independentemente do interesse específico com títulos sustentáveis, as empresas têm encontrado um cenário propício para as emissões de dívidas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A expectativa é de que o mercado permaneça robusto até o fim do ano, segundo especialistas, com boa possibilidade de as emissões das companhias superarem a marca dos R$ 500 bilhões no País e ultrapassar US$ 25 bilhões no exterior.
Fluxo de Recursos e Mercado de Capitais
Continuamos vendo um fluxo muito forte de recursos vindo para a renda fixa, com o cenário de mercado permanecendo muito propício para as emissões das empresas, afirma Matheus Licarião, responsável pela área de mercado de capitais na parte de renda fixa do Santander Brasil. ‘Tem um pipeline forte de operações ainda por vir no segundo semestre.’ No Brasil, os títulos de dívida têm reinado de forma soberana. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as empresas levantaram até agosto deste ano cerca de R$ 484,2 bilhões no mercado de capitais, valor recorde para o período na série histórica iniciada em 2012, superando tudo o que foi captado em 2023, de R$ 467,3 bilhões.
Ofertas e Lançamentos no Exterior
Lá fora, o mercado segue também propício para as empresas brasileiras. Dados da agência britânica Bond Radar levantados a pedido do NeoFeed apontam que as empresas brasileiras emitiram US$ 16,8 bilhões de janeiro a agosto, superando o que foi visto no acumulado de 2023, de US$ 16,1 bilhões. No Brasil, as debêntures continuaram como o ativo de maior representatividade. Até o final de agosto, o volume acumulado chegou a R$ 283,9 bilhões, representando quase 60% das emissões no ano e estabelecendo um novo recorde para o período.
Demanda e Oferta de Recursos
O volume elevado de emissões é fruto principalmente da demanda dos investidores por ativos de renda fixa, que gerou uma oferta grande de recursos no mercado. Segundo a Anbima, os fundos de investimentos em geral apresentaram captação líquida positiva de R$ 286,2 bilhões no ano. A renda fixa manteve a liderança da indústria, com captações de R$ 303,8 bilhões. ‘Do lado da demanda, existe muito apetite, porque o CDI está na casa dos dois dígitos, as empresas que acessam o mercado de capitais estão com o balanço ok, não tem nada sistêmico à vista, e tem a atividade econômica surpreendendo para cima’, diz Leonardo Ono, sócio e gestor de renda fixa e crédito privado da Legacy Capital.
Consequências da Demanda
A consequência dessa forte demanda tem sido comprimir os spreads dos títulos de dívida corporativa. Segundo o Idex-CDI, índice criado pela gestora JGP para acompanhar o crédito privado, o spread está próximo de DI mais 1,67%, abaixo dos 2,4% vistos em agosto.
Fonte: @ NEO FEED
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