Fernando Goldsztein financia pesquisas para superar tumor cerebral na infância, trazendo mudança de vida para crianças com câncer.
A principal cura para a situação veio após longos meses de tratamento intenso, cirurgias e quimioterapia. Foi um período de muita angústia e incerteza, mas também de esperança e amor incondicional. A cura foi possível graças à dedicação da equipe médica e ao apoio inabalável da família e amigos.
Encontrar uma solução para o meduloblastoma foi um desafio, mas com determinação e fé, conseguimos superar cada obstáculo. O remédio para a cura do meu filho veio em forma de força interior e união familiar, mostrando que o amor é a maior medicina de todas.
Em busca da cura: uma jornada de esperança e determinação
Não é algo que tenha relação com histórico familiar, é uma questão de acaso. O diagnóstico é confirmado por meio de uma ressonância magnética após o surgimento de sintomas como dor de cabeça, vômitos e visão dupla. O tratamento inclui cirurgia, radioterapia e quimioterapia, mas infelizmente, a doença ainda não possui uma cura definitiva. No entanto, a esperança persiste, pois acredito que a cura é algo que irei encontrar.
Deveria ser proibido uma criança enfrentar o câncer. Se já é devastador entre adultos, imagine em alguém que tem toda uma vida pela frente. Em 2015, Frederico passou por uma cirurgia e, no ano seguinte, nos mudamos para Boston, nos Estados Unidos, onde ele recebeu tratamento sob os cuidados de um dos maiores especialistas em tumores cerebrais pediátricos, o médico Roger Packer, do Children’s National Hospital.
É preocupante que um terço dos pacientes enfrente uma recidiva. Infelizmente, foi o que aconteceu com meu filho. O tumor retornou em 2019, levando-o a participar de dois estudos clínicos com terapias experimentais nos EUA. Em 2021, em uma conversa com o doutor Packer, compreendi que a medicina não tinha mais opções para tratar meu filho e outras crianças com essa doença.
Esses jovens foram deixados para trás, presos a um protocolo terapêutico antigo, desenvolvido nos anos 1980, que se mostrou ineficaz, prejudicial e com consequências graves. A única maneira de tentar mudar essa situação é investindo em pesquisa científica. Por isso, realizei uma doação de 3 milhões de dólares à instituição de Packer para acelerar a busca por soluções para esse tumor.
Inspirado pelo que ele me mostrou, fundei o The Medulloblastoma Initiative (MBI), uma iniciativa filantrópica que busca financiamento privado para a pesquisa em meduloblastoma. Esse projeto apoia um consórcio com treze laboratórios, reunindo os principais cientistas do mundo, trabalhando em conjunto e sob a orientação de Packer, nos EUA, Canadá e Alemanha.
Eu senti a necessidade de agir. Sempre vivi no Rio Grande do Sul, sou empresário na área da construção civil e tenho dois filhos, Frederico e Henrique. Encontrar a cura para essa doença tornou-se a missão da minha vida. E estamos progredindo significativamente.
Em três anos, conseguimos aprovar dois ensaios clínicos para tratamentos inovadores baseados em imunoterapia na FDA, algo inédito e extraordinário, resultado de um intenso trabalho colaborativo. Os investimentos já ultrapassam os 10 milhões de dólares, e continuo acompanhando de perto todos os avanços.
Estamos prestes a iniciar os testes em pacientes nos EUA e, se bem-sucedidos, planejamos trazer a pesquisa para o Brasil em breve. Quanto a meu filho, em 2022, o câncer retornou mais uma vez, mas ele passou por uma cirurgia para remover o tumor e está se recuperando. Aos 17 anos, ele segue em tratamento, levando uma vida normal, algo que difere de tantos outros jovens que, devido a tratamentos ultrapassados, podem enfrentar efeitos colaterais devastadores.
Fonte: @ Veja Abril
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