Estudo da Fiocruz: Taxa de mortalidade materna cresce 100% em 2021 vs. tendência pré-pandemia, dados SIPEV-Gripe apontam excesso de mortalidades entre grávidas e puerperas durante pandemia Covid-19. Discrepância entre observados e esperados, diferência entre populações, acesso a cuidados pré-natais, parto e puerpério inadequados. (142 caracteres)
A pesquisa inovadora da Fiocruz revela que a taxa de mortalidade materna mais que duplicou em 2021 em comparação com a tendência pré-pandêmica da Covid, conforme divulgado na Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil desta segunda-feira (29).
As políticas de saúde devem ser urgentemente revisadas para combater as alarmantes mortes maternas deste ano e garantir um acompanhamento adequado às gestantes em todo o país, fortalecendo assim a assistência à saúde materna. É fundamental agir prontamente para reverter essa tendência preocupante, visando a redução significativa da mortalidade materna no Brasil.
Impacto da Pandemia na Mortalidade Materna
O estudo recente analisou o crescimento alarmante do número de mortes maternas de mulheres grávidas e puérperas durante os anos de 2020 e 2021, comparando com os dados de mortalidade materna e de mulheres não grávidas em idade fértil de anos anteriores. Os pesquisadores utilizaram dados do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) dos óbitos maternos entre os anos de 2015 e 2021, além dos dados do Sistema de Informações da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sipev-Gripe).
Em todos os cenários estudados, foi observado um excesso preocupante de mortes de grávidas e puérperas, totalizando cerca de 3 mil mortes, mesmo considerando um aumento esperado devido à pandemia de Covid-19. Esse aumento na mortalidade materna reflete um crescimento de 39% na taxa de mortalidade geral durante o período analisado.
Os resultados revelaram que, em um segundo cenário, o excesso de mortalidade materna foi 51,8% superior ao excesso de mortalidade geral, em comparação com os anos anteriores de 2015 a 2019. Essa discrepância entre os óbitos observados e os esperados para o ano de 2021 é um indicativo preocupante do impacto da pandemia na mortalidade materna.
A pesquisa buscou entender os efeitos da pandemia sobre a mortalidade materna, visto que este é um marcador crucial do desenvolvimento social. O estudo constatou que, em 2021, o excesso de mortalidade materna foi 57% maior em comparação ao ano anterior, 2020, quando a pandemia teve início. Além disso, em um terceiro cenário, o excesso de mortalidade materna foi 83,7% superior à mortalidade de mulheres não grávidas no mesmo ano.
Comparando com a mortalidade geral, as grávidas e puérperas foram significativamente mais afetadas pela Covid-19 do que o restante da população, e essa disparidade aumentou à medida que a pandemia se intensificou. Os dados apontam que a Covid-19 foi responsável por 60% das mortes maternas em 2021, enquanto em 2020 essa taxa era de 19%.
O autor do estudo, Raphael Guimarães, destacou que a pandemia limitou o acesso das mulheres aos cuidados pré-natais, ao parto e ao puerpério adequados, fatores que podem ter influenciado nos cenários alarmantes encontrados. A morte materna está diretamente ligada a complicações durante a gravidez e até 42 dias após o parto.
A necessidade de reduzir a mortalidade materna é uma meta global estabelecida pela ONU para o ano de 2030, com o objetivo de diminuir globalmente a taxa para menos de 70 mortes a cada 100 mil nascidos vivos. No entanto, o estudo apontou que em 2021 essa taxa chegou a 110 mortes maternas por 100 mil nascidos no Brasil, um número semelhante ao registrado na década de 1980.
Os pesquisadores enfatizaram que a mortalidade materna está diretamente ligada ao acesso inadequado aos serviços de saúde, que durante a pandemia estiveram sobrecarregados. Gestantes com Covid-19 apresentam um maior risco de complicações associadas à doença, como a necessidade de ventilação e pneumonia, tornando essencial garantir um atendimento adequado e oportuno a essa população vulnerável.
Fonte: © TNH1
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