A resiliência feminina é uma dádiva que enfrenta provocação até na balada, embora tal comportamento seja objeto de indignação. É preciso objetividade para lidar com importunadores em situações cotidianas.
Às vezes me pego pensando em como é complicado encontrar inspiração para esse meu desabafo semanal. Parece que as ideias simplesmente não fluem como eu gostaria. Mas quando menos espero, lá está um tema fervilhando na minha mente, como se estivesse esperando o momento certo para ser exposto. A pressão é grande, afinal, o desafio de tornar algo específico em algo interessante é constante.
Entretanto, devo fazer uma pequena queixa sobre a dificuldade de manter a objetividade quando a criatividade se torna escassa. Às vezes sinto que as palavras não conseguem expressar exatamente o que estou sentindo, o que me traz uma certa frustração. Mas seguimos em frente, afinal, a arte de escrever está justamente em superar esses obstáculos e continuar produzindo conteúdo relevante. E é isso que me motiva a cada semana.
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Desabafo: Ser mulher é sinônimo de força e resiliência
Nessa semana, por exemplo, não faltaram assuntos. Teve redução da taxa Selic (taxa básica de juros), manutenção da taxa de juro nos Estados Unidos, semana mundial do dinheiro – a Global Money Week. Poderia eleger um desses temas e discorrê-los por aqui. Mas foi fora dos acontecimentos econômicos que veio a minha inspiração para o texto de hoje.
Melhor dizendo: minha indignação. Por isso, a coluna de hoje será só um desabafo mesmo. Um desabafo para dizer como é desafiador ser mulher. É um desafio diário. Um desafio sistêmico. Ser mulher é uma dádiva.
Quando a balada se torna um cenário de insegurança
Se por um lado podemos gerar um ser dentro do próprio ventre e depois de horas de trabalho de parto ter nos braços o maior de todos os amores, por outro é um desafio ir a uma simples balada a noite para se divertir.
Numa dessas corre-se o risco de, por beber uns drinks a mais, dar de cara com alguém que te encurrala em um banheiro, faz o que quer e sai andando pela porta da frente. Ser mulher é sinônimo de força, de garra, de resiliência. Mas essa força toda vez em quando cruza pelo caminho com um grupo de amigos, todos bêbados, que resolveram sair para só fazer uma zoeira.
A importância da segurança e respeito no cotidiano
E o objeto dessa zoeira, no caso, é o seu corpo. Depois disso, vão jogar bola com os amigos e vida que segue. Andar na rua a noite sozinha? Jamais. De roupa curta? Nem pensar. Isso seria pura provocação.
Mas o que dizer de, vestida com calça jeans e de camisa fechada até o pescoço, pegar um inocente elevador no fim do expediente, depois de horas de trabalho, e ter o corpo violado por um importunador que é vizinho do andar de cima?
A luta pela igualdade de gênero e reconhecimento profissional
No fim das contas, ganhar 27% menos do que um homem, estar cada vez mais à frente dos lares, encarar uma taxa de desemprego maior, não ser remunerada pela maior parte das atividades cotidianas (filhos, casa, família) já nem estou achando tão difícil assim. Dá para tirar de letra.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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