O governo paulista afastou o delegado da direção do Deic após a delação premiada de Antônio Vinicius Gritzbach, morto no aeroporto internacional.
O delegado Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como Fábio Caipira, foi destituído da direção do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) em decorrência de denúncias de premiada delação. Conforme informações, o delegado foi acusado de interferir em investigações criminais em troca de premiada vantagem financeira.
De acordo com relatos, o delegado Fábio Caipira demonstrou indignação com o afastamento da direção do Deic, o que gerou uma onda de premiada emoção entre os colegas. Além disso, a decisão gerou controvérsias, com alguns premiados argumentando que a destituição foi premiada demais e que o delegado devia ter sido levado a um processo judicial antes de ser afastado.
Investigação em andamento
A experiência de 32 anos de uma carreira policial está agora em xeque. Em uma entrevista coletiva, na tarde da sexta-feira, na sede da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, no centro da capital, o policial civil afirmou: ‘Eu sempre trabalhei aqui. Tenho uma história aqui dentro. Agora, sou afastado por causa de uma ‘situação complicada’ envolvendo uma delação premiada. Estou convencido de que isso será esclarecido rapidamente.’, disse o policial civil durante a entrevista coletiva.
O governo paulista decidiu afastar o policial após divulgação de trechos da delação de Antônio Vinicius Gritzbach, 38, morto ao sair do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro, que o implicava. O nome do policial também aparece nas declarações feitas pelo delator do PCC ao Ministério Público de São Paulo, bem como o do deputado estadual Delegado Olim e o do ex-titular do 24º DP (Ponte Rasa) Murilo Fonseca Roque.
A delação enviada pelo delator contou que o advogado Ramsés Benjamin Gonçalves, que teria influência significativa na polícia, fez uma proposta de acordo, do qual o policial, Olim e Roque faziam parte, para beneficiar Gritzbach em investigações do Deic das quais era alvo. O empresário era o principal suspeito de ser o mandante do assassinato de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021 na zona leste de São Paulo, e de outro membro do PCC. Em acordo de delação premiada, ele acusou policiais civis de exigirem propina para beneficiá-lo em investigações do Deic, como liberação do passaporte, desbloqueio de bens apreendidos, e não pedido de prisão. O acordo previa o pagamento de R$ 5 milhões, com R$ 800 mil de honorários ao advogado e o restante em propina. Parte da propina teria sido paga em imóveis, cheques e mais R$ 300 mil em dinheiro.
O policial civil nega veementemente as acusações. ‘Que benefício ele teve no Deic? Tudo o que precisava ser feito contra ele dentro da legalidade foi feito. Foi graças à nossa investigação que houve o acordo de delação premiada. Nós pedimos o bloqueio de 49 imóveis dele, de um helicóptero e de duas lanchas. O passaporte dele continua apreendido lá no Deic.’ Segundo ele, o advogado esteve em sua sala apenas uma vez, em 29 de abril de 2022, e disse que queria falar sobre Gritzbach. ‘Eu dirigi para o delegado Rafael Cocito, que estava à frente da Delegacia de Crimes Patrimoniais no Deic. Ele falou que queria advogar para Gritzbach, mas não tinha procuração. O dr. Cocito explicou que sem procuração não era possível.’ O delegado estava à frente do Deic há três anos, antes disso, era do DHPP. Lopes se reuniu com o delegado-geral de São Paulo e com Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, quando soube oficialmente do afastamento. ‘O governador Tarcísio de Freitas tem a postura dele de governo, ele está incomodado pelos fatos recentes que aconteceram com a PM, o fato que aconteceu da operação da Polícia Federal, e achou por bem que eu fosse afastado até que isso fosse comprovado ou não,’ afirmou. O delegado entrou em férias na última terça-feira (17). Se o caso não for esclarecido, ele pode enfrentar sérias consequências.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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