Pesquisa da Unifesp e Defensoria Pública retrata a repressão dos últimos 20 anos contra a cultura musical preta e favelada, fenômeno que enfrenta cenário hostil, com a associação de profissionais amigos organizar eventos, como shows do funk, que são frequentemente interrompidos e encerrados, na linha do tempo, com os fatos da repressão cada vez mais intensa.
Uma pesquisa que analisou notícias de 700 fontes, incluindo a Folha de S. Paulo, traz à tona a reação da sociedade, do governo e da polícia brasileira em relação aos bailes funk, frequentemente denominados de pancadões. Este estudo se soma a uma rica tradição de pesquisas sobre fenômenos culturais e musicais que se destacam pelo seu caráter afrodescendente e pela sua origem nas favelas.
Realizada com base em uma vasta gama de informações, a pesquisa documenta como a sociedade, o governo e a polícia reagem diante dos bailes funk, ou pancadões, revelando uma gama de percepções e respostas que vão desde a rejeição até a aceitação desses eventos sociais. Ao adentrar nesse universo cultural, a pesquisa se torna um importante instrumento para entender melhor as dinâmicas sociais e políticas que envolvem esses eventos.
Um Olhar Crítico sobre os Pancadões
A cultura musical preto e favelado, em especial os bailes funk, é marcada por uma longa trajetória de repressão policial, como se pode ver nos fatos históricos. Em 2001, a cena cultural musical da periferia de São Paulo começava a ganhar notoriedade, com os bailes funk sendo frequentados por jovens das comunidades carentes. No entanto, essa ascensão foi acompanhada por uma crescente repressão policial, que passou a ser cada vez mais severa. O cenário cultural musical estava em um limbo, onde as expressões culturais eram atacadas pela força pública, e os jovens que se reuniam nos bailes eram considerados ‘inimigos do Estado’.
Construindo a História dos Pancadões
O relatório ‘Pancadão, uma História de Repressão aos Bailes Funk de Rua na Capital Paulista’ é um estudo produzido pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo e pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O objetivo desse estudo é analisar a evolução da repressão policial nos bailes funk de São Paulo, desde o início dos anos 2000 até os dias atuais. O estudo é dividido em sete capítulos, que abordam temas como a repressão policial, a cultura musical preto e favelado, e as consequências da repressão sobre a comunidade.
Um Caso-Simbolo: o Massacre de Paraisópolis
O Massacre de Paraisópolis, ocorrido em 1º de dezembro de 2019, é um divisor de águas na história da favela. Nesse dia, a Polícia Militar realizou uma operação chamada ‘Pancadão’, que resultou na morte de nove jovens que estavam em um baile funk. Esse evento marcou um ponto de inflexão na história dos bailes funk, pois foi o momento em que a repressão policial se tornou ainda mais violenta e letal.
Uma Associação para Resistir
Em resposta à repressão policial, a Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk) foi criada como uma forma de resistência e profissionalização da cena cultural musical. A Apafunk é uma associação de jovens que se reúnem para promover a cultura musical preto e favelado, e para lutar contra a repressão policial. A associação tem como objetivo criar um espaço seguro para que os jovens possam se expressar culturalmente, sem medo da repressão policial.
Os Fatos, na Linha do Tempo
O relatório ‘Pancadão, uma História de Repressão aos Bailes Funk de Rua na Capital Paulista’ é um documento histórico que repassa a evolução da repressão policial nos bailes funk de São Paulo, desde o início dos anos 2000 até os dias atuais. O estudo é baseado em 617 notícias do jornal Folha de S. Paulo, e é dividido em sete capítulos que abordam temas como a repressão policial, a cultura musical preto e favelado, e as consequências da repressão sobre a comunidade.
Uma Aula de Interpretação das Reverberações Sociais
O relatório ‘Pancadão, uma História de Repressão aos Bailes Funk de Rua na Capital Paulista’ é um estudo que busca entender as reverberações sociais dos bailes funk de São Paulo. O estudo é uma aula de interpretação das consequências da repressão policial sobre a comunidade, e busca promover uma discussão informada sobre o fenômeno cultural, musical, preto e favelado.
Fonte: @ Terra
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