Parlamentar é denunciada por integrar núcleo político de milícia no Rio pelo procurador-geral em processo ético-disciplinar à Mesa.
Por 4 votos a 2, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) decidiu arquivar, nesta quinta-feira (20), o processo ético-disciplinar que poderia resultar na perda do mandato da deputada Lucinha (PSD). O Conselho de Ética considerou que não houve elementos suficientes para dar continuidade à investigação.
A decisão do Conselho de Ética foi recebida com opiniões divergentes. Enquanto alguns parlamentares apoiaram o arquivamento, outros membros da Comissão de Ética expressaram descontentamento com a resolução. A Comissão de Ética afirmou que a transparência e a integridade devem ser prioridades, destacando a importância do Conselho de Integridade na manutenção da ética no ambiente parlamentar.
Conselho de Ética e a Decisão Polêmica
Os votos contrários foram expressos pelas deputadas Dani Monteiro (PSOL) e Martha Rocha (PDT). Em um gesto de transparência, o parecer do relator e os votos de cada deputado serão divulgados no Diário Oficial para garantir a ampla disseminação das informações. O Conselho de Ética tomou a decisão de encaminhar o processo à Mesa Diretora da Casa, por meio de um projeto de resolução, que posteriormente poderá ser submetido ao plenário para a decisão final.
Comissão de Ética e a Denúncia Explosiva
Na última segunda-feira (17), Lucia Helena Pinto de Barros, conhecida como deputada Lucinha, e a ex-assessora parlamentar Ariane Afonso Lima foram formalmente denunciadas pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, sob a suspeita de integrarem a milícia conhecida como Bonde do Zinho, Tropa do Z ou Família Braga, liderada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, com atuação na zona oeste do Rio de Janeiro.
De acordo com as investigações em andamento, Lucinha e Ariane eram parte do núcleo político da organização criminosa chefiada por Zinho, que se entregou à Superintendência da Polícia Federal no Rio em 24 de dezembro do ano passado. A denúncia entregue ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJRJ) revela que a milícia era composta por diferentes subgrupos, incluindo lideranças principais, locais e assessores, estes últimos também conhecidos como soldados ou informantes.
A denúncia destaca a existência de dois outros núcleos, o financeiro, responsável pela lavagem de capitais provenientes de atividades criminosas, e o político, do qual faziam parte Lucinha e Ariane, encarregadas de defender os interesses dos criminosos perante as autoridades públicas. Um dos episódios citados na denúncia aponta para a interferência política das acusadas em favor dos criminosos, como fornecer informações privilegiadas sobre a agenda de visitas do prefeito do Rio, Eduardo Paes, à zona oeste, permitindo que milicianos se esquivassem das autoridades.
Além disso, a denúncia menciona tentativas de influenciar autoridades municipais para manter a chamada Brecha da P5 no transporte público alternativo da cidade, uma fonte significativa de receita para a milícia. Lucinha e Ariane também teriam recebido informações confidenciais do grupo criminoso sobre investigações em andamento, visando interferir nos processos e direcionar as investigações de acordo com seus interesses.
A denúncia alega que, em novembro de 2021, a deputada Lucinha prestou assistência a membros do Bonde do Zinho que foram presos em flagrante, buscando sua libertação. Adicionalmente, ela teria tentado influenciar o Comando da Polícia Militar e autoridades da Alerj para destituir os comandantes da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar e do 27º Batalhão da Polícia Militar, em ações que visavam obstruir a justiça e favorecer os interesses da milícia.
Fonte: @ Agencia Brasil
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