Alta da moeda americana é resultado de percepção de risco mais alto, taxas de juros mais altas e dívida pública, influenciada pela renúncia fiscal.
O valor do dólar alcançando R$6,00 representa uma situação complexa em que múltiplos fatores convergem, impactando o mercado financeiro. O cenário atual, marcado por uma combinação de fatores internos e externos, não é exceção. A economia brasileira, que enfrenta desafios próprios, é afetada pelos movimentos da dólar em relação às outras moedas. A volatilidade no mercado, que afeta a economia de maneira geral, é um dos principais motivos do valor do dólar.
No entanto, o valor do dólar não é apenas determinado por fatores externos, como a situação econômica dos outros países. A política econômica do governo brasileiro, além de outros fatores internos, tem um papel fundamental no valor do dólar. A inflação, que afeta o poder de compra da moeda, é outro fator que influencia o valor do dólar. A situação atual do mercado, marcada por incertezas, torna difícil prever o valor do dólar no futuro. A economia brasileira, que enfrenta muitos desafios, precisa encontrar soluções para seus problemas internos para que o valor do dólar possa se estabilizar.
Reforço da Percepção de Risco
A moeda americana, o dólar, está se fortalecendo internacionalmente, à medida que investidores buscam proteção para seus ativos, motivados por expectativas de taxas de juros mais altas e prolongadas nos Estados Unidos. Isso se deve à ameaça de medidas de imposição de novas tarifas comerciais pela futura administração de Donald Trump. Nesse cenário, o dólar se torna um refúgio seguro para os investidores.
No entanto, o dólar não é o único jogador nesse jogo de estratégias financeiras. O Real, entre as moedas emergentes, apresenta uma performance pífia, ultrapassada até pelo peso argentino. Embora a explicação para essa situação sejam fatores externos, é importante abordar também os fatores internos que contribuem para essa perda de valor.
A falta de um plano fiscal crível e executável no Brasil, que é enfrentada há meses, agrava a percepção de risco. Desde a aprovação do novo arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos, a dívida pública segue em trajetória ascendente, gerando desconfiança entre os investidores. É claro que existe uma percepção de que o governo atual não tem convicção em cortes de gastos como forma de dar saúde a economia e sim, ao contrário, isso traz rejeição aos investidores.
A recente isenção de imposto de renda para quem ganha até R$5 mil é uma medida importante, considerando que a tabela do imposto está defasada pela inflação há anos. Isso alivia o bolso de muitos brasileiros. O problema não é a ideia em si, mas o momento em que foi implementada. Essa renúncia fiscal ocorreu sem alternativas críveis para compensar a perda de arrecadação.
A tentativa de tributar os mais ricos pode até parecer justa, mas é amplamente reconhecido que, no Brasil, esse tipo de tributação pode ser facilmente contornado por meio de mecanismos jurídicos e contábeis. Isso torna improvável que a arrecadação esperada se concretize, agravando ainda mais o quadro fiscal.
A Dívida Pública Brasileira: Números Alarmantes
A dívida bruta do governo federal atingiu 78,6% do PIB em outubro de 2024, um salto em relação aos 71,7% registrados em dezembro de 2022. Isso equivale a cerca de R$9 trilhões. O governo também pagou impressionantes R$869 bilhões em juros da dívida nos últimos 12 meses até outubro.
Além disso, o déficit primário – diferença entre receitas e despesas, sem considerar os juros da dívida – já acumula R$223 bilhões até outubro. O déficit nominal, que inclui os juros, alcança R$1,1 trilhão. Esses números mostram que o Brasil não apenas gasta mais do que arrecada, mas também enfrenta custos altos para financiar sua dívida.
Não se Trata de Ataque Especulativo
É importante deixar claro que não estamos enfrentando um ataque especulativo. A questão é simples e objetiva. Se o governo, como entidade tomadora de empréstimos, não demonstra capacidade de honrar suas dívidas, os investidores passam a exigir juros maiores para assumir o risco. Hoje, os títulos do Tesouro oferecem IPCA+ 7% ao ano, que é uma taxa elevada e que atrai investidores, mas que também acelera o crescimento da dívida pública. Isso cria uma bola de neve perigosa, com um ciclo de endividamento que se torna cada vez mais difícil de sustentar.
Por que o Brasil não pode se libertar disso?
Fonte: @Baguete
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