Investidores correm para alocar em ativos incentivados antes que acabem, diante de fundos exclusivos fechados e Selic alta. Medidas regulatórias e normativas tributárias impactam a alocação de investimentos.
Se você está em busca de opções para diversificar seus investimentos, uma alternativa interessante são os títulos isentos de imposto. Esses ativos proporcionam uma oportunidade de obter rendimentos sem a incidência de tributação, o que pode ser vantajoso para investidores buscando maximizar seus ganhos no longo prazo. Além disso, os títulos isentos de imposto podem oferecer uma maior segurança em momentos de instabilidade econômica, sendo uma escolha atraente para quem valoriza a estabilidade em sua carteira de investimentos.
É importante ressaltar que os títulos isentos de imposto fazem parte de uma categoria de ativos incentivados, que visam estimular determinados setores da economia através de benefícios fiscais. Esses ativos incentivados podem ser uma alternativa interessante para investidores que desejam contribuir para o desenvolvimento de setores específicos, ao mesmo tempo em que se beneficiam de vantagens tributárias. Dessa forma, ao considerar a inclusão de ativos incentivados em sua carteira, é importante analisar as oportunidades disponíveis no mercado e como esses investimentos podem se alinhar aos seus objetivos financeiros de longo prazo.
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Títulos isentos de imposto: a importância da alocação de investimentos
E, basicamente, o artifício passado dos fundos exclusivos fechados, VGBLs exclusivos e o excesso de criatividade na geração de lastros de títulos ligados ao agronegócio e mercado imobiliário deturparam a alocação dos investidores por muitos anos.
Finalmente, a mudança nessas regras para um maior equilíbrio e menor arbitragem deveria servir para investidores priorizarem seus objetivos de investimento e que há menos espaço para distorção na alocação causada por vantagens tributárias.
Mantenho minha visão, mas, esta semana trago um alerta: a combinação de mudanças tributárias simultâneas está gerando um processo adaptativo perigoso. Explicando. Primeiro, o cenário econômico, de pano de fundo, sem querer ser economista ou fazer profecias.
Seja de maneira mais lenta, ou se vai parar antes ou depois do que se espera, estamos, no Brasil, em um processo gradual de redução da taxa Selic, mas ainda em patamares muito atrativos. O quanto vai cair ou quando para, pouco importa para nossa análise. E… ainda temos, em paralelo, a mesma expectativa em relação aos juros nos Estados Unidos.
O fato é que, quando se espera que os juros caiam, o investidor tende a correr para alocar em ‘juros mais altos’. Pois bem, em um cenário de investidores ‘super ricos’ encerrando fundos exclusivos fechados e menor quantidade de lastros para ativos incentivados (para todos os públicos) e com uma Selic ainda alta, o que está acontecendo?
Justamente uma corrida para alocar nestes ativos restantes, incentivados (‘antes que acabe’). O investidor de fundo exclusivo fechado, ao encerrar tais fundos, vem tentando suprir sua alocação com títulos longos, incentivados, seja nas poucas emissões existentes (já que os lastros são mais restritos), seja no mercado secundário.
E isso tudo ainda pensando: ‘preciso fazer isso logo, já que a Selic irá cair.’ Lembrando que na renda fixa, quando há mais compradores do que vendedores, as taxas se reduzem, e ainda há uma compressão de prêmios de risco provocada por demanda, em um cenário um pouco mais benigno, que também incentiva o movimento.
Isso chega ao ponto de títulos incentivados de empresas privadas pagarem o mesmo retorno que títulos do Tesouro de prazo equivalente. Lembrando a teoria econômica, que títulos do Tesouro são considerados como aqueles com risco zero do ponto de vista de solvência, já que o governo tem sempre como pagar, seja com a emissão de novos títulos, ou no limite, com emissão de moeda, já que é o guardião dela.
Empresas privadas não têm nunca o mesmo risco, mesmo se ironicamente, seus títulos tivessem depósitos e garantias em títulos do Tesouro, já que mesmo nessa situação, restaria ainda algum tipo de risco operacional, de fraude ou reputacional.
Por que está se aceitando o mesmo retorno hoje? Porque esses títulos privados são isentos de imposto, logo, ao se comparar com um título público, este teria seu retorno tributado, rendendo de maneira líquida, menos. Então há uma certa ilusão de que em termos ‘líquidos’ paga mais que um título público. É um argumento pobre que esconde o real motivo.
A crise de abstinência de títulos incentivados e a alocação de investimentos
O que está gerando isso é o fluxo alto de recursos sendo realocados e a falta de oferta. Nem as empresas nem a economia melhorou tanto assim. Uma hora tende a se equacionar este desequilíbrio causado pelo fluxo de compradores em um cenário de escassez de ativos isentos. Aí vai restar o consolo para alguns de dizer que vai carregar o título até o vencimento…
quando as taxas subirem. Estamos passando por uma verdadeira crise de abstinência de títulos isentos de imposto de renda. Obviamente que especialistas sempre dirão que isso traz a necessidade de ser mais seletivo, e que ‘sempre existirão bons emissores’.
Mas, em geral, quem dá esse tipo de opinião é justamente um especialista em renda fixa, um gestor de renda fixa ou um profissional que trabalha com a estruturação de ativos de renda fixa e distribuição (de renda fixa). Bastante comum os formadores de opinião neste momento serem tais especialistas, que será um otimista com o seu próprio emprego.
Difícil ele falar: ‘gente, acho que está entrando dinheiro demais no meu segmento, acho melhor vocês pararem de investir aqui senão meu bônus será alto demais porque acho que os preços uma hora corrigem.’ O movimento também gera uma competição de retorno entre gestores de fundos de renda fixa que às vezes os leva a fazer coisas que se arrependem depois.
Quando acontece um movimento violento de compressão de spreads (taxas), o retorno do fundo de renda fixa melhora (efeito da marcação a mercado), o que atrai mais recursos para o segmento. Mais dinheiro para ser alocado em títulos traz mais demanda, contribuindo ainda mais para a compressão de spreads.
A escassez gera isso.
E quem está 100% focado neste mercado está cumprindo seu papel. Chega uma hora que vira uma festa que as pessoas beberam demais e dá confusão. Quem bebeu, no dia seguinte nunca sabe ao certo o que causou a confusão.
Pois certamente a compressão de spreads e taxas nos títulos de crédito não está sendo motivada por uma melhora cavalar na economia, ou na súbita evolução na qualidade de crédito das companhias e sua capacidade de pagamento. Estes fatores podem ter melhorado? Sim, podem, mas, o fluxo explica a maior parte das compressões de spread. E tem mais por vir.
Lembrando que existe uma quantidade grande de títulos atrelados a ativos incentivados no mercado que irão vencer, e, se o investidor seguir nesse movimento de ‘manada’, sem reequilibrar a alocação do portfólio, teremos mais gente querendo ativos incentivados em um mercado que tem menos títulos incentivados.
Em muitos mercados, quando movimentos assim […]’
Fonte: @ Valor Invest Globo
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