Jogar online em casas de apostas oferece acesso fácil e marketing agressivo, com promessas de ganhos rápidos, segundas chances, algoritmos de casas, R$ 1,25k bônus e R$ 4mil para liberar fundos. Mercado de R$ 120bilhões. (146 caracteres)
Tudo estava indo bem. Há dois anos, Gabriel deixou para trás seu emprego de 16 anos em uma grande empresa para finalmente se aventurar no setor de tecnologia. Um sonho antigo — o futuro parecia promissor. No entanto, logo surgiram os problemas financeiros. Gabriel se viu em apuros e acabou cedendo às tentações das apostas on-line — acreditando que os jogos poderiam ser uma forma de investimento de retorno rápido.
Com o passar do tempo, as apostas on-line se tornaram um hábito constante para Gabriel. Ele passava horas navegando por diferentes casas de apostas, mergulhando nos jogos de azar online em busca da tão desejada sorte grande. A empolgação inicial de empreender no setor de tecnologia deu lugar a uma rotina marcada pela incerteza e pelo risco das apostas. A situação de Gabriel se tornou cada vez mais delicada, refletindo a realidade complexa por trás do mundo das apostas on-line.
Apostas Online: Um Relato de Vício e Desespero
Gabriel fez um curso com ‘influenciadores’ para se aventurar no universo das apostas online, um território até então desconhecido para ele. No entanto, tudo começou a desandar. Em uma conversa com o NeoFeed, ele admitiu: ‘Eu não tinha autocontrole’. O vício de Gabriel estava nas casas de apostas online e nos jogos de azar online, conhecidos como ‘bets’. As casas de apostas online prometiam ganhos rápidos, enquanto os jogos de azar online ofereciam a tentação de ganhos maiores com apostas menores.
Com dívidas chegando a cerca de R$ 100 mil, Gabriel conseguiu ganhar R$ 50 mil em uma única jogada. Em um período de apenas três meses, ele movimentou incríveis R$ 1 milhão. A sensação de poder que o envolvia quando ganhava o impelia a continuar jogando, enquanto a certeza de que venceria na próxima vez o motivava a seguir em frente. O vício se instalava cada vez mais, à medida que as dívidas se acumulavam.
Desesperado por mais dinheiro, Gabriel recorreu a empréstimos, estourou os limites de seus cartões de crédito, fez acordos com agiotas e chegou ao ponto de apostar até as economias de seus sogros. Ele mentia para sua esposa, seu filho de 5 anos, seus familiares e amigos. Jogava escondido no banheiro durante a madrugada, enquanto todos dormiam. A pressão foi tanta que sua esposa pediu a separação após uma década juntos.
Sentindo-se envergonhado e isolado, Gabriel tentou tirar a própria vida. Buscou ajuda e por um tempo pareceu que estava conseguindo se controlar. No entanto, há vinte dias, ele teve uma recaída. Com base em seu histórico de apostas, os algoritmos de uma casa de apostas online lhe ofereceram um bônus de R$ 1,25 mil. Para liberar esse dinheiro, ele teve que desembolsar R$ 4 mil. Pagou. E perdeu.
Aos 34 anos, Gabriel agora depende financeiramente de seus pais para as despesas do mês. Uma situação humilhante para alguém que começou a trabalhar aos 14 anos para não depender de ninguém. O desinteresse pelo futebol, mesmo sendo um grande fã do Flamengo, é evidente. Ele lamenta que uma das maiores empresas do Brasil seja patrocinadora de seu time.
Gabriel é um exemplo de uma crescente parcela de jovens dependentes de apostas online, especialmente das bets. Esse perfil de paciente está se tornando cada vez mais comum nos centros de tratamento de dependência em jogos no Brasil. Os especialistas estão alarmados com a rápida mudança no perfil dessa doença psiquiátrica.
O Programa Ambulatorial do Jogo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (PRO-AMJO), reflete essa realidade brasileira. Nos últimos seis anos, o serviço viu o número de novos pacientes dobrar, chegando a 160 em 2023. Desses, 108 buscavam ajuda para superar a compulsão por bets. Desde 2018, a idade média dos dependentes diminuiu uma década, atingindo agora os 35 anos. No entanto, jovens de 18, 20 e 25 anos também buscam tratamento.
Uma pesquisa do Datafolha revelou que 15% das pessoas entrevistadas admitiram ter experimentado casas de apostas online, jogos de azar online e apostas esportivas. A tendência de crescimento desse mercado preocupa as autoridades e profissionais de saúde, que buscam formas de lidar com o aumento do número de viciados em apostas online.
Fonte: @ NEO FEED
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