A Selic sobe ou não no dia 18? A resposta depende do rumo da inflação e da próxima reunião da taxa básica.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, discursou no último sábado (24) na conferência anual do Federal Reserve (Fed) de Kansas City, em Jackson Hole. No evento realizado nas montanhas geladas do estado de Wyoming, abordou duas questões centrais relacionadas à inflação no Brasil – informam agências de notícias.
Campos Neto destacou a importância de monitorar de perto a evolução da inflação no país, diante do cenário global de incertezas econômicas e possíveis aumentos de preços. A preocupação com a estabilidade dos preços é fundamental para a manutenção do equilíbrio econômico – ressaltou o presidente do BC.
Rumo da Inflação: Decisões Futuras da Selic
As discussões sobre os próximos movimentos a serem tomados pela Selic ocorreram em meio a incertezas. Na ata da última reunião, o Banco Central apontou duas alternativas para atingir a meta de inflação de 2% ao ano no primeiro trimestre de 2026. Em uma delas, mais suave, a taxa básica permaneceria inalterada nos atuais 10,50% ao ano. Na outra abordagem, mais rígida, seria necessário um aumento nos próximos meses. Nas últimas semanas, o discurso de Campos Neto e seus colaboradores tem inclinado para essa segunda possibilidade. Consequentemente, os ativos negociados no Brasil já refletem a expectativa de altas consecutivas a partir de setembro, em direção aos cerca de 12% ao ano a serem alcançados no início de 2025.
Aquecimento do Mercado e Desafios da Inflação
Um dos desafios, conforme relatos da Bloomberg, é o aquecimento do mercado de trabalho. Em linhas gerais, quanto mais vagas disponíveis em relação aos trabalhadores, maior a pressão para aumentos salariais. Com a oferta de empregos superando a demanda, os trabalhadores têm mais poder de negociação, levando os empregadores a oferecerem salários mais altos para atrair talentos. Isso resulta em um aumento do poder de compra em relação à oferta de bens e serviços, contribuindo para a inflação.
Risco Fiscal e Impacto na Economia Brasileira
A preocupação com o risco fiscal entre investidores é outro ponto crítico. A percepção de se os governos conseguirão cumprir seus compromissos futuros é crucial para os mercados. Quanto maior o déficit projetado entre receitas e despesas, maior a exigência de prêmios para manter investimentos nesses países. Isso pode levar a um aumento dos juros para atrair capital estrangeiro. A incerteza fiscal pode resultar em uma fuga de investimentos, tornando o dólar mais escasso e mais caro, impactando os preços dos produtos e alimentando a inflação.
Programas de Transferência de Renda e Desafios Futuros
Campos Neto destacou a importância de analisar os programas de transferência de renda implementados durante a pandemia. A preocupação reside na possibilidade de esses programas se tornarem permanentes ou mais generosos após a crise. O aumento do número de beneficiários desses programas levanta questões sobre a sustentabilidade fiscal e o impacto na inflação. A necessidade de uma estratégia precisa para avaliar a eficácia desses programas é crucial para o cenário econômico futuro.
Fonte: @ Valor Invest Globo
Comentários sobre este artigo