A mobilização propõe destinar investimento em segurança pública para periferias, focando em educação, com base em análise de custo-benefício e orçamento público para áreas sociais, em vez de guerra armada e desinvestimento, promovendo polícia comunitária e respeito a direitos humanos, além de formação policial adequada e aumento de investimento.
A campanha Desinveste Já, lançada no Rio de Janeiro, é um movimento de pressão sobre os poderes Legislativo e Executivo para que reduzam e realocuem o orçamento da polícia para áreas sociais, abandonando uma ‘guerra armada’ contra as populações periféricas. Diversos caminhos foram tentados para combatir a alta letalidade da atuação da polícia.
Além disso, a campanha também busca abordar a questão da segurança pública de forma mais humana, focando em soluções que não envolvam apenas a força policial. A polícia é um instrumento importante para manter a ordem pública, mas não deve ser o único recurso utilizado. A segurança é um direito fundamental de todos os cidadãos, e é preciso encontrar formas de assegurá-lo de maneira justa e eficaz. O Desinveste Já é um passo importante na direção certa, pois promove a reflexão sobre a forma como estamos investindo nos recursos para garantir a segurança das pessoas.
Desinvestir em Letalidade
O Desafio de Balançar o Custo-Benefício na Polícia
O engajamento cívico de Patrick Melo começou aos dez anos de idade, no morro do Borel, no Rio de Janeiro. Uma experiência marcante foi quando ele segurou uma faixa de protesto pela morte de um amigo da mesma idade, atingido por um tiro de fuzil disparado por um policial. Hoje, Patrick Melo é gerente de projetos da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJRacial), que opera na Baixada Fluminense e propõe a campanha Desinveste Já, reivindicando a diminuição e o remanejamento do orçamento da segurança pública em prol do investimento em áreas sociais.
Segurança Pública: Uma Questão de Orçamento-Pública
A campanha Desinveste Já não visa retirar salários dos policiais, mas sim desinvestir em ações ostensivas e letais, segundo Patrick. A comparação utilizada pela campanha é que o preço do caveirão, veículo blindado de R$ 652 mil, equivale ao valor de duas ambulâncias, e o preço de um fuzil é comparado ao da merenda servida nas escolas estaduais. ‘Merenda escolar é algo sério, a gente está falando de populações pobres, cujas crianças têm a principal refeição do dia dentro das escolas públicas’, destaca Patrick.
Uma Questão de Custo-Benefício: Segurança versus Desenvolvimento Social
O valor da merenda escolar utilizado para a comparação é de R$ 0,76 por dia, para quem estuda meio período em escola estadual. O preço do fuzil é uma média do valor no mercado legal, calculado em R$ 28 mil. Dividido o valor do fuzil pelo da merenda, o resultado é que o investimento na arma pagaria exatamente 36.842 refeições. ‘Quando a gente fala em desinvestimento, além de destinar recursos para áreas sociais, falamos também em remanejar o próprio orçamento da segurança pública’, diz Patrick.
A Polícia no Espelho: Investimento em Formação-Policial e Direitos-Humanos
Por que deixar de investir nas polícias?Assistimos ao investimento nas polícias, passamos pelo debate de polícia comunitária, tem processos de formação em direitos humanos para policiais, uso de câmaras corporais, e nada disso reduziu a violência policial. Nossa ideia é tentar uma alternativa que tem sido construída no mundo para redução da letalidade, alcançando o controle das polícias. Tem relação com a morte de George Floyd?Sim, a gente é muito provocado a partir da morte dele e das várias experiências e discussões que surgiram.As comunidades criaram órgãos de justiça reparativa, de mediação de conflitos.
Investimento em Desenvolvimento Social: O Caminho da Polícia-Comunitária
A campanha Desinveste Já vai até 5 de dezembro, e Patrick explica que o objetivo é tentar uma alternativa que tem sido construída no mundo para redução da letalidade, alcançando o controle das polícias. A guerra-armada é uma questão de desinvestimento, e o desafio é balançar o custo-benefício na polícia. A formação-policial e a aplicação de direitos-humanos devem ser priorizadas, e investir em polícia-comunitária e áreas-sociais é o caminho da frente.
Fonte: @ Terra
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