Derrota expressiva do candidato da situação após 13 títulos, apesar de acordo de construção do estádio com melhorias na Gávea, e ruptura da política ao redor, com aval do Conselho de Administração.
Em suas mais de duas décadas de gestão ao Flamengo, Rodolfo Landim foi um nome importante na história do clube, conquistando 13 títulos ao longo de seis anos e levando o time a duas Libertadores. Nesse período, o presidente despontou como um gestor eficaz e visionário, capaz de realizar grandes feitos. No entanto, na última eleição realizada no clube, a chapa de situação liderada por Landim sofreu uma derrota inesperada.
A pergunta que ficou para o povo flamenguista é por que um presidente tão bem-sucedido não conseguiu eleger seu sucessor. Com um legado de conquistas e melhorias significativas no clube, inclusive a construção do novo estádio, Rodolfo Landim parece ter sido uma escolha errada para o povo flamenguista. Acredita-se que a saída de Landim seja um sinal de mudança nessa instituição.
Uma Ruptura no Futebol e o Estatuto de Liderança
O resultado da eleição foi marcado por uma série de fatores que contribuíram para a derrota de Rodrigo Dunshee. + A (re)visão da estrutura de competições, Taças, Acordo… Veja os primeiros desafios de Bap como presidente do Flamengo
Candidato de Landim, Rodrigo Dunshee recebeu 565 votos a menos do que o vencedor, o oposicionista Luiz Eduardo Baptista, o Bap, que vai presidir o Flamengo até o fim de 2027. A construção de uma nova estrutura de poder no clube foi uma das principais questões em debate durante a campanha eleitoral.
A movimentação política do clube nos últimos dois anos ajuda a explicar o cenário. A política de mercado, melhorias na Gávea, movimentação ao redor… Veja os primeiros desafios de Bap como presidente do Flamengo
A oposição acredita que faltou diálogo a Landim, o que fez com que muitos aliados mudassem de lado e formassem outros grupos. Concorrentes na eleição, Bap e Maurício Gomes de Mattos integravam a gestão de Landim no início do mandato. Como presidente do Conselho de Administração, Bap seguia ativo na política e preparou sua base de aliados ao longo dos últimos anos para se tornar candidato com aval ou não de Landim.
O empresário pediu apoio ao presidente e inclusive alega que havia um acordo para que ele fosse o escolhido como sucessor na chapa da situação. Landim demorou a revelar o candidato que receberia seu apoio. Internamente, havia dúvida se o atual presidente lançaria Bap ou Dunhsee como nome da situação. O cenário se arrastou por meses, causando insatisfação e apreensão nos bastidores.
Em junho de 2024, em jantar com seus apoiadores, Landim anunciou Dunshee como o escolhido. A decisão gerou uma intensa divisão na política do clube. Em conversa com o ge, alguns pares políticos de Landim revelam que o presidente foi alertado da articulação política ao seu redor, mas acreditou que reverteria a questão.
A partir de então, começou uma debandada de vice-presidentes – a maioria em apoio a Bap, que se lançaria candidato logo depois. Sete dirigentes saíram, entre eles nomes considerados fortes como Rodrigo Tostes (VP de Finanças), Marcelo Conti (VP de Gabinete) e Arthur Rocha (VP de Patrimônio). Além deles, também deixaram a gestão Maurício Gomes de Mattos (VP de Embaixadas e Consulados), PC Pereira (VP de Secretaria), Adalberto Ribeiro (VP de Relações Externas) e Ricardo Campelo (VP de Responsabilidade Social).
– Se o Bap fosse o candidato do Landim, não teria nem eleição. Ninguém ia bater de frente – disse uma fonte ao ge. A eleição foi marcada por uma série de fatores que contribuíram para a derrota de Rodrigo Dunshee.
O nome de Rodrigo Dunshee apresentou alto índice de rejeição entre os sócios do Flamengo durante o período eleitoral, o que foi confirmado pelas urnas. Havia a lembrança de que seu pai, Antonio Augusto Dunshee de Abranches, fora o presidente responsável pela venda de Zico à Udinese, em 1983. Mas a narrativa que se formou nos corredores da Gávea fazia lembrança a um passado mais recente.
Com a debandada de nomes fortes da Chapa Azul original (que entrou no clube no fim de 2012, com a eleição de Eduardo Bandeira de Mello), dirigentes e sócios de diversas correntes passaram a associar Dunshee à ‘velha política’ rubro-negra, aquela que endividou o clube e passou anos sem resultados expressivos no futebol. Dunshee já havia sido duas vezes presidente do Conselho Deliberativo e VP por três meses na gestão de Landim.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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