Sem reserva de lucros, empresa empresta com bancos para recomprar ações subvalorizadas, apesar de desafios macroeconômicos, via derivativos com prazo máximo de liquidação.
Companhias brasileiras que optam por programas de recompra de ações demonstram confiança em seu desempenho no mercado. Atualmente, mais de 100 programas de recompra estão em aberto, de acordo com dados do NeoFeed. Nesse cenário, a Tenda se destaca por uma abordagem inovadora de ingressar no mercado de papéis.
A Tenda apresenta um caso único no mercado brasileiro com o uso de empréstimos para financiar a compra de suas próprias ações. Além disso, o uso de derivativos e a recompra de ações por meio de empréstimos destacam a criatividade e a determinação da companhia em manter seu desempenho estável no mercado financeiro. A estratégia da Tenda reflete seu compromisso com o crescimento e a estabilidade financeira.
Ações: Tenda alinha estratégia de empréstimos, derivativos e recompra para o mercado
A Tenda desenvolveu uma abordagem complexa para lidar com as ações, incorporando elementos de empréstimos, derivativos e recompra para maximizar o desempenho no mercado. Luiz Mauricio Garcia, CFO da empresa, descreveu esse processo como ‘operações de derivativos simples’ durante o Tenda Day, garantindo que os bancos possam comprar as ações da empresa na bolsa e mantê-las até uma data específica.
Cada operação de derivativos é realizada com um custo: o preço do empréstimo. O saldo final é o resultado da diferença entre o preço de compra e o de venda, subtraída a taxa do empréstimo. Se as ações subirem, mas o ganho for menor que a taxa, ou se caírem, a empresa registra perda. A diretoria da empresa acredita que as ações estão subvalorizadas, apesar das condições econômicas desafiadoras.
Em 17 de dezembro, a Tenda anunciou no fato relevante que o Conselho de Administração autorizou a celebração de contratos de derivativos referenciados em 2,2 milhões de ações, com prazo máximo de liquidação em 12 meses. A direção da empresa objetiva, a longo prazo, reintegrar essas ações na empresa, conforme tenham lucro e uma reserva de capital robusta.
O CFO explicou que, em vez de usar o caixa próprio, comprou ações usando um empréstimo do banco, demonstrando o compromisso com a estratégia. No entanto, essa não foi a primeira vez que a Tenda adotou essa prática. Em abril do ano passado, a empresa autorizou uma operação semelhante, referenciada em até 4,5 milhões de ações, com prazo máximo de liquidação para outubro deste ano.
Em seguida, a Tenda realizou outra operação com derivativos referenciados em até 3,05 milhões de ações, com liquidação até novembro de 2024. O CFO ressaltou que, entre colocar a ação para dentro ou deixar fora, a diferença é o spread do financiamento pago ao banco. Ele preferiria usar a reserva de lucros da companhia se fosse maior.
Desde então, as ações da Tenda mais que dobraram de preço, acumulando alta de 160% aproximadamente nos prazos máximos de liquidação. Ainda assim, a empresa optou pela rolagem dos contratos de derivativos, realizados com XP e Santander, estendendo os prazos de liquidação para abril de 2026.
Com as três operações de derivativos em aberto, o volume pode chegar a 10,75 milhões de ações, cotadas hoje a R$ 13,61. Além disso, a Tenda tem um programa tradicional de recompra em aberto, que pode alcançar até 4,5 milhões de ações. No total, essas operações representam cerca de 12,4% de todo o volume de ações emitido pela companhia.
A expectativa da diretoria é que as ações em posse dos bancos comecem a ser internalizadas a partir do próximo ano, quando a Tenda projeta um lucro líquido entre R$ 360 milhões e R$ 380 milhões — bem acima do esperado para 2023. De acordo com projeções do Santander, a companhia deve encerrar o ano com um lucro líquido de R$ 118 milhões, após acumular um resultado positivo de R$ 85,1 milhões nos três primeiros trimestres. No ano passado, a empresa registrou perda de R$ 95,8 milhões.
Fonte: @ NEO FEED
Comentários sobre este artigo