Faixa do novo álbum de Billie celebra queeridade e não poupa paradoxos em relação à ativista trans Marsha.
A nova música de Billie Eilish, ‘Lunch’, é o hino LGBTQ definitivo de 2024. No início do Mês do Orgulho e no meio de mais uma exaustiva temporada legislativa no Brasil com ataques às pessoas LGBTQ, o paradoxo da celebração e do terror LGBTQ dança nas sombras da feroz e afirmativa ‘Lunch’.
De seu novo álbum, ‘Hit Me Hard and Soft’, Billie apresenta uma sexualidade inequivocamente centrada na queer que não poupa palavras ao descrever como deseja realizar sexo oral em sua amante. ‘Lunch’ é ousada, provocativa e confrontadora, trazendo à tona a diversidade e a força da comunidade LGBTQ de forma visceral.
LGBTQ; na Música: Billie Eilish e a Celebração da Queeridade
Parece a ativista trans Marsha P. Johnson na linha de frente do Stonewall Inn em Greenwich Village, Nova York; como Billy Porter, que usou um vestido sem pedir desculpas no tapete vermelho do Oscar 2020; como toda mulher que já beijou outra mulher à luz do dia, independentemente das consequências. A evolução de Billie Eilish como uma membro assumida e orgulhosa da comunidade LGBTQ, refletida em seu álbum e nas entrevistas relacionadas, espelha o quanto a sociedade avançou em permitir que celebridades reflitam suas verdadeiras identidades. Aos 22 anos, Eilish já experimentou mais fama do que a maioria poderia esperar alcançar. Ela ganhou vários Grammys, incluindo Gravação do Ano, prêmios Billboard, MTV e People’s Choice Awards, além de dois Oscars de Melhor Canção Original com ‘What Was I Made For?’ do filme ‘Barbie’ do ano passado e ‘No Time to Die’, do filme de mesmo nome em 2021. Muitos desses prêmios ela aceitou ao lado de seu irmão, coautor e produtor, Finneas O’Connell. Ainda assim, ela é muito jovem e está começando a entender a si mesma e sua sexualidade. Além de suas conquistas, a explicitude lírica em ‘Lunch’ de Eilish evidencia os avanços que nossa comunidade fez em conteúdo LGBTQ autêntico e aberto e marca um momento tangível para celebrar nosso progresso. Ao longo da história, criadores LGBTQ e cidadãos privados tiveram que se esconder, suprimir seus desejos, disfarçar suas verdadeiras identidades em véus heteronormativos, seja por meio de casamentos de fachada ou literatura codificada, ou referências sutis em roteiros e letras. Fomos as tias estranhas que vivem na cidade, os estudantes curiosos que passam por uma fase, ou as donas de casa confusas precisando de um descanso. Artistas como a falecida cantora Whitney Houston, k.d. Lang e Tracy Chapman fazem parte de uma longa lista de performers que tiveram que esconder suas verdadeiras identidades em um armário por parte ou toda sua carreira para ‘conseguir chegar lá’. Atores como Jodie Foster e Elliot Page ficaram no armário por anos antes de se sentirem seguros o suficiente em suas carreiras para se assumirem. ‘Lunch’ de Eilish simboliza a evolução sísmica na expressão de mulheres queer na música. Ela supera ‘I Kissed a Girl’ de Katy Perry. Não são apenas as letras recentes que inspiram a imaginação LGBTQ. O visual de Eilish, uma mistura de tomboy e artista grunge, transcende as normas binárias de gênero para mulheres estrelas. Camisetas largas e tênis substituem vestidos de gala e saltos, oferecendo um alívio para qualquer ouvinte que ainda não se encaixou nos padrões sociais de gênero ou sexualidade. Como pessoas queer e como mulheres, comunidades que foram socializadas para silenciar nossa sexualidade, para nos submeter ao objeto do olhar masculino se nossa beleza permitir ou então nos silenciar são.
Fonte: © CNN Brasil
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